Raros são os pilotos da Stock Car que podem ostentar um currículo tão vitorioso quanto o de Cacá Bueno. Nascido no Rio de Janeiro, no dia 24 de julho de 1976, tem em sua galeria de troféus quatro campeonatos da Stock Car, dois Linea Fiat, além de bons resultados no GT3. Com tantas vitórias na carreira - são mais de 50 -, Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Filho é aclamado como o melhor piloto da Stock Car atualmente.
Como de praxe neste esporte, o contato com as pistas se deu quando ele era um menino. Naquela época, com 12 anos, o desejo era ingressar em uma grande equipe de Fórmula 1. ''Essa vontade eu tinha quando estava no Kart, até uns 15 anos de idade. Depois, minha vontade era ser profissional do esporte, viver do automobilismo. E, naquela época, correr no Brasil não era possível. Mas depois já me via com possibilidade de ser profissional de carro de turismo. Foi tudo bem planejado. Tive oportunidades de correr de Fórmula e não quis. Tive proposta de F3 e Indy Lights, mas preferi correr de Super Turismo. Correr de Fórmula nunca foi minha meta'', diz ele.
A fama conquistada e a maior parte dos momentos-chave de Cacá Bueno estão na Stock Car. Mas sua folha corrida de conquistas começou aos 13 anos, quando foi campeão da Copa de Prata de Kart. Em 1992, conquistou o Campeonato Paulista de Kart. Em 1995 disputou a Copa Fiat Uno e foi eleito o melhor piloto do ano.
Sua estreia na Stock foi em 2002. De lá para cá, angariou para si quatro campeonatos da categoria: 2006, 2007, 2009 e 2011. ''A Stock existe desde 1979 e cresceu muito nos últimos anos com a divulgação na TV Globo e temos que reconhecer a importância disso, porque hoje alcançamos um número maior de pessoas'', avalia ele. ''Isso atrai mais patrocionadores e, com isso, tem mais dinheiro para trazer bons pilotos e por aí vai.''
É de conhecimento de todos que Cacá é filho do mais famoso e polêmico narrador esportivo do Brasil, Galvão Bueno. E mesmo sabendo que em um esporte onde talento e dedicação estão diretamente ligados a vitória, há quem diga que Cacá só é Cacá por causa da influência de seu pai.
''Antes ficava bravo com esses comentários. Hoje dou risada. Quem pensa isso não dá para ser levado a sério. Tenho sete títulos brasileiros e um sul-americano. Nos três campeonatos que corro, sou líder, ou vice, ou terceiro, ou seja, disputando título nos três. Os resultados e títulos respondem este tipo de questionamento'', defende-se.
Recém-casado com a modelo Talita Stoppazzolli, fica difícil imaginar que em meio a três categorias diferentes e uma extensa agenda de compromissos, o piloto tenha tempo para curtir a vida de casado, amigos e família.
''As categorias realmente são bem diferentes, mas também são complementares. A verdade é que, sim, sobra pouco tempo mesmo para curtir a vida de casado. Curto mais dentro do autódromo. São muitos finais de semana, ainda faço o campeonato argentino. Mas é a hora, estou no auge da minha carreira, preciso estar em atividade. Melhor tecnicamente, porque não tem treino. É hora de ganhar dinheiro (risos). Piloto profissional ainda não ganha tão bem perto do retorno que a gente gera, então tem que fazer mais categorias. É uma carreira curta, poucos conseguem alcançar o topo'', diz.
No mundo das corridas, Cacá Bueno é tido como um piloto sério. Com sinceridade que muitas vezes é confundida com arrogância, acredita que é possível fazer amigos em um território tão competitivo, no entanto, faz algumas ressalvas.
''É possível fazer amigos, mas não é o objetivo. Tenho grandes amigos de infância, em outras cidades fora do Rio. Não vou ao autódromo para fazer amigo, vou para trabalhar, para ganhar corrida, agradar o público, o patrocionador e ter bom resultado para minha equipe.''
Ao contrário do que muita gente pensa, Galvão Bueno não influenciou na escolha da carreira do filho. Segundo o piloto, o estímulo se deu em virtude do narrador trabalhar e amar esporte. ''Vivenciei muito o esporte, indo a estádios, ginásios e autódromos. Tomei gosto e quis ser piloto. A grande paixão do meu pai é o basquete, por mais que a história dele seja muito ligada às corridas e ao futebol'', relembra ele.
Outro impulso na carreira citado por Cacá foi a convivência na infância com o maior ídolo do automobilismo brasileiro, Ayrton Senna. Amigo íntimo de Galvão Bueno, Senna, segundo Cacá, serve de exemplo dentro e fora do esporte.
''Tive o prazer de conviver com o Ayrton, vê-lo na minha casa, suas corridas. Quando ele começou na F-1, em 1984, eu tinha 7 anos, ainda não tinha muita noção. A influência dele é como o maior esportista da área que eu escolhi trilhar, o automobilismo. É um grande exemplo'', afirma.
Ao fim da entrevista, indagado se em meio a tantos triunfos existe alguma frustração, ele não titubeia em dizer que sim e que a maior dela está no âmbito político do esporte. ''Ela (política) é muito influente, infelizmente. Alguns promotores de evento, a confederação e a parte política eu não gosto nem um pouco e, muitas vezes, atrapalham ao invés de ajudar. Protagonizaram momentos tristes do nosso esporte. Nem tudo é 100% limpo às vezes'', desabafa ele, que não cogita aposentadoria pelos próximos cinco anos.
Já sobre Londrina, cidade em que residiu alguns anos, ficam elogios. ''Tenho um carinho especial pela cidade. Vou a Londrina nas corridas, é claro, mas visito com menos frequência do que gostaria, justamente por conta desta agenda lotada. Mas sempre encontro muita torcida e vários amigos.''