"As pessoas me perguntam se eu vou escolher entre atuar e cantar, mas espero que não tenha de fazer isso", diz Lucy Alves, 31, no ar como a governanta Eunice em "Tempo de Amar"
"As pessoas me perguntam se eu vou escolher entre atuar e cantar, mas espero que não tenha de fazer isso", diz Lucy Alves, 31, no ar como a governanta Eunice em "Tempo de Amar" | Foto: Globo/João Miguel Junior



Lucy Alves chegou de mansinho e vem conquistando cada vez mais espaço na TV. Atualmente no ar no papel da governanta Eunice na novela "Tempo de Amar" (Globo), o romance de sua personagem com o médico Reinaldo (Cássio Gabus Mendes) é um dos destaques da trama das 18h da emissora. Isso porque o casal tem de enfrentar o preconceito racial na conservadora sociedade dos anos 1920.

Na entrevista a seguir, a atriz de 31 anos, natural da Paraíba, fala sobre seus trabalhos na teledramaturgia da Globo e comenta a respeito da importância do programa "The Voice" (2013) em sua carreira.

- Após a repercussão positiva da sua estreia como atriz em "Velho Chico" (2016), acha que a cobrança é menor agora em 'Tempo de Amar'?
Pelo contrário, acho que o peso da cobrança é maior, porque as pessoas querem ver se eu estou chegando para ficar. E é um outro tipo de trabalho, pois é uma novela de época; tem um outro tempo, um sotaque mais neutro... Como artista me cobro muito mais. Quero me doar para a Eunice do mesmo jeito que fiz com Luzia.

- Como você vê a Eunice de "Tempo de Amar"?
Temos muitas personagens femininas fortes na novela. A Eunice já tem um nome tão bonito! Fui pesquisar e significa "aquela que sempre vence, tem boas vitórias". Então acredito muito que ela vá vencer todos os preconceitos através da luz, porque ela é uma pessoa pacifista. Também sou muito batalhadora, vou atrás das coisas que quero. Eu e a Eunice nos encontramos nesse ponto. Ela é muito educada, elegante, nunca vai desrespeitar ninguém, mas vai dar o seu recado. Isso é muito bacana.

- O principal conflito da personagem é por conta do romance com um médico. O que acha disso?
Acredito que é muito bom trazer à tona, mais uma vez, esse assunto. Para mim, como atriz, é maravilhoso dar voz a essas mulheres todas, porque são conflitos ainda muito atuais. Embora seja na década de 1920, a gente vê que o diferente ainda causa estranhamento, por preconceito com cor, raça, gênero. Estou satisfeita por unir o entretenimento com a informação.

- Apesar de ser uma empregada, a Eunice teve alguma instrução por causa da patroa. Como descreve a relação das duas?
Essa patroa proporcionou o conhecimento, então ela é elegante, sabe ler, escrever, tem etiqueta, vive em um ambiente onde acontece muita música, saraus, poesias... Ela também acompanha os movimentos políticos, porque é uma pessoa observadora e guarda muitas histórias. Ela e a patroa são cúmplices.

- Além da novela, você continuará investindo na sua carreira musical?
Sim, quero conciliar as duas carreiras. Sei que é difícil, porque precisa de muita dedicação. Além disso, a novela consome muito o meu tempo e também estou em estúdio gravando o meu novo álbum. É um momento que a cota de vida fica do tamanho de um feijão, mas eu gosto bastante de trabalhar. As pessoas me perguntam se eu vou escolher entre atuar e cantar, mas espero que não tenha de fazer isso, porque gosto dos dois trabalhos e um completa o outro. A expectativa é de lançar o álbum no ano que vem e, sempre que posso, tento fazer meus shows.

- Depois do lançamento de "Caçadora", te questionaram sobre uma mudança de estilo musical?
Muitas pessoas me questionaram se eu ia deixar de cantar forró, mas, de jeito nenhum! Cresci cantando forró, embora também goste de me aventurar em outras terras como artista. Levei a minha sanfona pra música pop e misturei com o reggaeton. Acho que é tão bacana que as pessoas que estranharam no início hoje acreditam muito mais. O novo, às vezes, assusta. Mas estou feliz com as minhas investidas, com esses caminhos novos que têm se aberto pra mim.


- Você acredita que o "The Voice" foi o que abriu as portas para você na televisão?
O "The Voice" foi maravilhoso porque me projetou pra tanta gente! Foram várias portas que se abriram depois de aparecer em horário nobre todas as quintas-feiras. Eu já tinha um público no Nordeste, mas, depois do programa, realmente um número maior de pessoas passou a me conhecer, acompanhar e querer consumir o que faço. Guardo esta experiência com muito carinho.