Imagem ilustrativa da imagem Um paradoxo cultural
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| Foto: Anderson Coelho
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O Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído pela Lei 12.343, de 2 de dezembro de 2010, tem por finalidade o planejamento e implementação de políticas públicas voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. Para isso, o PNC prevê 53 metas para a área da cultura a serem atingidas até 2020. As metas vão de encontro com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) promovidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que colabora na proteção e a promoção da diversidade cultural dos países, que, para a entidade, é um dos direitos humanos para um novo curso do desenvolvimento sustentável, refletindo diretamente em melhorias no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Como parte das ações de cultura do município, Marcos Losnak, poeta, escritor, curador de literatura e ex-integrante do Conselho Municipal de Cultura, aponta a continuidade do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) como um dos pontos positivos na cidade. "Foi um programa que deu um novo impulso para a cultura e a arte em Londrina. Porém, seu aprimoramento contínuo é um dos desafios. Dentro do próprio programa, o ponto negativo está na estagnação dos recursos destinados ao fundo observada nos últimos anos, pois o crescimento de recursos do Promic não acompanhou o aumento de recursos de outras áreas e também não acompanhou as demandas geradas na cidade."
Ideia corroborada por Frederico Fernandes, professor do departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL), integrante do Conselho Municipal de Cultura, que destaca também que a lei em questão contribuiu numa política pública de cultura que refletiu diretamente na formação do artista local e reforçou o papel da cidade como celeiro de nomes de projeção nacional em várias frentes como teatro, música, artes plásticas, cinema e produção popular. Para ele, a cidade é pródiga em recursos humanos, mas é carente em infraestrutura. "Precisamos de espaços e teatro à altura da cidade", atenta.
Nesse sentido, Losnak lembra os entraves para a construção do Teatro Municipal. "Tudo indica que ninguém deseja a construção do teatro na esfera municipal, estadual e federal. Não há um mínimo de esforço. O único esforço está em deixar a construção parada. Seria necessário a cidade abraçar a conclusão de sua construção, estabelecer metas, criar prazos, cobrar recursos, exigir da Prefeitura um projeto de conclusão das obras e acompanhar a execução desse projeto." A obra está orçada em mais de R$ 80 milhões e apenas a primeira etapa foi concluída. Desde 2014 está tudo parado. Depois de quatro anos e de várias paralisações no trabalho de reconstrução desde um incêndio em 2012, tudo indica que o Teatro Ouro Verde será entregue no próximo ano.
Para tanto, Fernandes aponta que o ideal para uma cidade do porte de Londrina seria um Centro Integrado da Cultura: um espaço de referência permanente, múltiplo, compartilhado e de acervo. "O poder público não dá conta de resolver tudo em lugar nenhum do mundo. Por isso, é necessário uma parceria com instituições de ensino e, sobretudo, a iniciativa privada. Mas essa parceria precisa ser provocada. Nesse sentido, os empresários também devem ter em mente que a iniciativa privada tem a obrigação de investir no patrimônio e na memória da cidade. Essa seria uma das contrapartidas de uma marca que transforma a vida da população e não pensa somente o lucro. Dessa forma, a gestão precisa trabalhar urgentemente em três eixos de ação: parceira público-privada, formação de público permanente e infraestrutura." Um dos exemplos que deram certo nesse sentido foi o Teatro Mãe de Deus, inaugurado recentemente.
Enquanto as medidas de resultado a longo prazo não vêm, Losnak sugere que dentre as tentativas para superar o problema da falta de espaço para a cultura, a ocupação de espaços abandonados pela Prefeitura pode ser uma saída. "Parte dos artistas e produtores culturais independentes apontou para uma demanda e, ao mesmo tempo, para a solução dessa demanda. Há vários grupos e coletivos sem espaço para desenvolver e propagar seus trabalhos. Também há vários imóveis municipais abandonados ou sem nenhuma utilização. A resolução parece simples: ceder esses imóveis aos grupos e coletivos para a revitalização por meio da arte", complementa ele, referindo-se à recente ocupação do antigo prédio da Ules pelo Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL).

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| Foto: Saulo Ohara
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| Foto: Gustavo Carneiro
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