Imagem ilustrativa da imagem Londrina precisa se mexer
Imagem ilustrativa da imagem Londrina precisa se mexer



Fomentar o esporte, principalmente na base, propiciando condições para a prática esportiva de forma adequada e democrática. Estes são os principais desafios da próxima administração municipal em Londrina. E atingir esse objetivo passa por modernizar e dar condições à Fundação de Esportes (FEL) exercer sua função de gestora e fomentadora do esporte na cidade, melhorando os projetos já em desenvolvimento e ampliando o número de pessoas atingidas.
"A FEL é um órgão que deve gerar essa inteligência da política de esportes do município, mas ela tem suas limitações. Sem o apoio da Câmara de Vereadores e da Prefeitura ela não consegue fazer essa integração com a sociedade londrinense", define o professor londrinense Antonio Carlos Gomes, doutor em Treinamento Desportivo pela Universidade de Cultura Física da Rússia, com passagens por clubes como Atlético Paranaense e Corinthians e atual superintendente de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
Londrina já foi um município em que o esporte de rendimento se destacava simultaneamente em várias modalidades nas principais ligas do Brasil. A cidade respirava esporte e a criançada crescia vendo ídolos e se apaixonando pela modalidade preferida. "Ter o modelo é bacana. Ver nossos ídolos ganhando medalhas é uma coisa bonita. Londrina sempre foi muito forte no esporte, com destaque no âmbito nacional e internacional. Mas muitos especialistas saíram de Londrina e estão fomentando esporte em outros lugares", lembra.

Aos poucos o quadro mudou. Londrina foi deixando de ser aquela potência esportiva para ser figurante, na mesma levada que as praças esportivas foram ficando sucateadas e o esporte foi sendo relegado a segundo, terceiro, décimo plano. Deixou de ser prioridade. A cidade ainda mantém sua política esportiva sendo cumprida, mas ainda é algo modesto, que não tem o envolvimento que deveria.

"Em minha concepção, o esporte de Londrina perdeu muito em qualidade nos últimos anos. Não vou discutir prioridades políticas dos últimos mandatos. Quando falamos política do esporte, não falamos em política partidária. Não importa o partido. Hoje quando se fala em esporte, temos que dar oportunidade a todos. Londrina pode ser uma cidade com uma plataforma esportiva modelo. Estamos falando na manifestação de esportes para as crianças, para os pais, nas escolas, nas creches. Estamos falando nas pessoas adultas comuns como meio de prevenção de doenças e saúde, na terceira idade e também manifestação de exercícios para casos especiais", aponta Gomes.

Para ele, o grande legado da Olimpíada no Brasil é o envolvimento da sociedade no esporte. "As cidades, os estados, os clubes, as associações precisam fomentar o esporte. É uma coisa bacana e uma necessidade da sociedade e não falo de esporte para ganhar medalha de ouro em Olimpíada, mas falo na necessidade de se exercitar", aponta. "Brasil, nos últimos dez anos, ganhou o título de maior pico de crescimento de obesidade do mundo e os políticos, os dirigentes, precisam se preocupar com isso. Está na hora de pensar uma política de desenvolvimento esportivo e a cidade de Londrina sempre esteve à frente nisso, sempre tivemos bom esporte e neste momento Londrina deixa a desejar", completa.

Na última década, o esporte não foi levado muito a sério na cidade. A FEL, viu pessoas de outras áreas ocuparem o cargo de presidente, sem o mínimo conhecimento esportivo. Na atual gestão municipal, por exemplo, nos dois primeiros anos de mandato o esporte foi jogado às traças. A FEL passou a ser administrada por uma pessoa com formação acadêmica e de vivência profissional na área esportiva apenas em março do ano passado, quando o atual presidente, Vilmar Causs, o Mazinho, assumiu o posto. Ele é o quarto presidente da entidade na gestão do prefeito Alexandre Kireeff (PSD).

A falta de estrutura da FEL é um dos principais entraves para se desenvolver o esporte na cidade. Além do orçamento enxuto - a entidade terá em 2017 R$ 7.855.000,00 de verba -, a falta de pessoal tanto para manutenção como para apoio ao desenvolvimento de projetos é um dos grandes dificultadores.
Atualmente, são 282 espaços esportivos públicos, entre praças, quadras, campos, pistas de skates e academias ao ar livre. Para dar conta de deixar tudo em ordem, são apenas três funcionários. O resultado é que muitos destes espaços estão sucateados, sem a mínima condição de uso e, em alguns casos, representam perigo a quem frequenta, principalmente as crianças.

Assim, apenas as grandes praças foram atendidas. O Estádio do Café, enfim, passou por reforma e troca do gramado. Ainda está longe de ter a estrutura ideal, mas já está bem melhor. O Autódromo Internacional Ayrton Senna também recebeu melhorias e poderá receber novamente grandes competições. Já as áreas nos bairros, para as comunidades, estão boas as que os moradores botam a mão na massa e fazem a manutenção por conta própria.
"O órgão responsável pelo esporte de Londrina precisa sentar junto com a Secretaria de Educação do Município, com a de Ação Social e preparar uma política de incentivo à prática esportiva nos bairros, nos colégios, nas empresas, nas universidades. Enfim, Londrina precisa se mexer", aponta Gomes. "Temos universidade, temos especialistas. A cidade gosta de esporte, precisamos colocar essa molecada no esporte, tirar essas crianças da delinquência e uma das ferramentas importantes é o esporte. É um dever do prefeito ter um plano esportivo para a comunidade", finaliza.