Imagem ilustrativa da imagem 'Gostaria de ver Londrina retomando o terceiro lugar na Região Sul do País'
| Foto: Gustavo Carneiro



Única candidata com pedido de registro indeferido, Flavia Romagnoli (Rede) segue na campanha após apresentar recurso, que será encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná. Além da impugnação apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), a candidatura dela à Prefeitura de Londrina foi contestada também pela direção estadual do partido, que aponta supostas ilegalidades na realização da convenção municipal. Flavia concedeu entrevista à FOLHA antes da decisão do juiz da 41ª zona eleitoral de Londrina, Matheus Orlandi Mendes.


Por que a senhora quer ser prefeita de Londrina?

A Rede Sustentabilidade é um projeto nacional, tem propostas nacionais e a proposta nacional foi organizada para que pudéssemos fazer as propostas municipais. Nosso plano de governo tem seis eixos que falam disso e como nós temos propostas sustentáveis, o grupo entendeu que uma candidatura da Rede em Londrina era importante. Como o grupo optou pelo meu nome, pensei, analisei, e acho realmente que a atuação política que tenho feito nos últimos anos me dá uma certa experiência. A advocacia que fiz em alguns municípios também me dá respaldo para isso e eu gostaria de ver Londrina retomando a vanguarda em alguns setores, retomando o terceiro lugar na Região Sul do País, com um economia pujante. Acredito nos movimentos sociais, poderemos retomar o brilho de Londrina.

O Elo Nacional da Rede Sustentabilidade divulgou nota afirmando não homologar a convenção municipal, realizada aqui Londrina, no dia 4 de agosto, "por ter sido convocada por pessoas não legitimadas e realizada por órgão diretivo inexistente". Como a senhora espera ser bem-sucedida na campanha e, eventualmente, como prefeita, se não tem o apoio nem do próprio partido?

A Rede é exatamente isso, não trabalha nestas votações de sim ou não, trabalha com discussões até um consenso progressivo e isso requer muito mais trabalho. O que nós temos é um município organizado, onde houve divisões, algumas pessoas aqui divergiram do grupo realmente atuante e majoritário e, como uma destas pessoas estava dentro da estadual (do partido), conduziu um procedimento contra a gente. E nós estamos recorrendo ao Elo Nacional, porque eles só ouviram um lado. Mas toda a gestão deve ser iniciada pelo município. Nós somos localistas, municipalistas, porque não dá pra gente continuar com esta distorção de governar um País como o Brasil de cima pra baixo, nem intrapartidária, nem nas gestões. Estamos tranquilamente cumprindo as exigências que estão sendo feitas e nos defendendo, como tem que ser, para colocar e esclarecer a nossa posição, e continuar a fazer o trabalho que, acreditamos, Londrina merece.

A senhora já foi vereadora de Florestópolis e também candidata a prefeita lá. Como ocorreu essa mudança para o cenário político de Londrina?

A gente já tem uma afinidade com Londrina, como todas as cidades da região metropolitana. Assim que terminei o segundo grau lá (Florestópolis), foi natural vir para cá, e em seguida veio a minha irmã, depois os demais irmãos e ficamos em definitivo, somos em cinco. Sempre advogando em um escritório até 2004, quando viajei para a Itália, morei lá quatro anos, fiz cidadania italiana, intermediava trabalhos e fazia traduções para o português, foi um período interessante. Depois também estive nos EUA até retornar a Londrina e retomar a minha profissão e atuação política no PV, quando fui convidada para ser candidata a vice-governadora, junto com o (Paulo) Salamuni. Foi uma experiência muito legal, percorremos o Paraná de carro em várias regiões e isso deu uma dimensão do Estado muito boa. Em 2010 eu conheci Marina Silva (candidata à Presidência pelo PV), fiquei bastante tempo envolvida nesta campanha e depois foi natural organizar o processo de formação da Rede, o que demorou mais do que imaginamos, até conseguirmos o registro em setembro do ano passado. É nesse sentido que entendemos que, sendo o primeiro ano da Rede presente oficialmente em um pleito eleitoral, ela deve participar com chapa pura, como estamos.

O PMDB de Londrina está apoiando a candidatura de Marcelo Belinati (PP). Em Curitiba, a Rede tem o candidato a vice na chapa de Requião Filho (PMDB). Para um partido que disputa a sua primeira eleição e que nasceu com o propósito de fazer algo diferente na política, estas alianças mostram situações comuns a todos as legendas, conveniência...

Estamos dentro de um sistema e é muito complicado romper sistemas que já estão positivados. A Rede gostaria e tentou lançar candidatura em Curitiba, mas não foi possível e, dentre os candidatos, ficou nesta composição, até porque tem uma afinidade de Marina com Requião e não com o PMDB. Foi isso que possibilitou uma aliança ali. O Jorge Bernardi (Rede, candidato a vice na capital) tem uma atuação ambiental também, e foi um aliança possível para a Rede naquele momento. Existem divergências internas, o próprio senador fala que não gosta do PMDB de alguns, assim como a Elza Correia (PMDB) discursou isso aqui em Londrina. Ela foi bastante coerente, inclusive. Teria sido muito melhor a chapa pura, mas onde não foi possível, foi feita a conformação dentro do sistema que se tem.

Qual é a sua opinião sobre a administração de Alexandre Kireeff (PSD)? Fale sobre pontos positivos e negativos.

Ele cumpriu a tentativa de fazer a administração técnica, enxugou algumas áreas, mas temos liberdade com ele e também divergimos na área ambiental, que ficou muito ligada à CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), e com isso nós discordamos. Deveria ser uma Secretaria de Meio Ambiente mais atuante, realmente na amplitude que poderia ter na cidade. O prefeito Kireeff tem o meu respeito pela não reeleição. Ele falou isso em campanha, que não seria candidato e ninguém acreditou, isso é um exemplo de democracia. A Rede Sustentabilidade não tem no estatuto a reeleição para o Executivo, já havíamos tratado disso antes da mudança na lei eleitoral, porque quando você muda quem está no poder, muda as estruturas ao redor. Se você se elege com grupos pendurados, vai ter que dividir o poder entre os grupos e isso cria dificuldades. No caso do Kireeff, ele não teve esse tipo de dificuldade na administração.

Geralmente os candidatos falam que, caso eleitos, vão nomear pessoas com perfil técnico para o secretariado. A senhora teria condições de indicar hoje os membros do seu primeiro escalão para a administração ou depois de eleita vai procurar as pessoas para montar essa equipe?

A proposta da Rede é uma escolha mista para cargos de governo: apresentação aberta dos candidatos a secretários com apresentação de currículos e depois, vem o critério político entre os que ficaram. Isso não quer dizer que a gente não possa escolher alguém altamente qualificado para fazer um trabalho coletivo. O que eu penso sobre as secretarias é que devemos começar a trabalhar em rede, porque queremos que os funcionários e as secretarias se comuniquem internamente efetivamente, em suas funções. Na questão de alvarás, por exemplo, entrou uma documentação e todas as secretarias têm que dar um check list sobre aquele assunto. E se precisar, elas se comunicam e dizem ao cliente/usuário o que está acontecendo em torno da questão... Apostamos em um corpo que possa realmente conduzir a prefeitura com a parte técnica, mas buscando uma visão social, agregando esses valores. É preciso ouvir as pessoas, a cidade.

Concorda com o Programa de Regularização Fiscal (Profis) como alternativa para evitar o fechamento do caixa no vermelho?

Olha, o Profis é uma alternativa financeira se você não tem mais nada, mas não pode ser a única alternativa. Londrina não pode viver de fazer dinheiro dependendo de Profis. Claro que faz caixa, se você está apertado, estrangulado no final de ano e com uma crise dessa, sim, mas não podemos depender disso. Com certeza, os terrenos na cidade ainda são algo nebuloso e precisa ser feito um levantamento mais sério e adequado de todos os imóveis, com a classificação de todos. Se o imóvel está dentro da cidade, não me importa se é da União, Estado ou município, vamos fazer levantamento de tudo o que tem. Vamos revisar os contratos, analisar o que é patrimônio público, o que poderá ser preservado, o que poderá ser reutilizado dentro de áreas culturais... Acredito que Londrina tem um grande caixa a ser feito, relacionado a estes imóveis. Todo mundo vem pra cá ganhar dinheiro com imóveis, mas é Londrina que precisa ser a grande loteadora da cidade, respeitando todas as regras ambientais, urbanísticas, de arquitetura, não só nos bairros ou no centro, mas em todos os lugares.

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