O Programa Vencer, lançado recentemente pela Prefeitura de Londrina, iniciou oficialmente suas atividades em 2024, levando projetos esportivos e culturais para escolas e Centros Municipais de Ensino (CMEIs).

Nesta edição, o Folha Cidadania destaca os projetos artísticos-culturais que já integram as atividades das escolas da rede municipal de ensino e seguem durante todo o ano letivo.

O interesse dos pais e alunos, as primeiras experiências do semestre e as expectativas sobre a bagagem em formação são prova da importância do investimento em educação. Musicalização, canto coral, balé, teatro, circo e contação de história chegam em forma de novidade para incrementar a educação dos alunos.

Na Escola Municipal Nara Manella, localizada no Conjunto Semiramis, região norte, os alunos foram contemplados com aulas de teatro e circo da Associação Londrinense de Circo (ALC).

Uma das coordenadoras pedagógicas do 3º, 4º e 5º ano é Vanessa Juliane Felde e ela conta que a procura foi tão grande que há uma fila de espera. "A parceria oferece a oficina de teatro e circo como uma extensão da jornada escolar e notamos o reflexo no aprendizado dos conteúdos", afirma.

Durante a oficina, a professora observa a relação de convivência. "Desenvolvem mais ainda o falar, o ouvir e o respeito. como as turmas são mistas e com alunos de diferentes idades, o cuidado entre eles fica evidente", relata a coordenadora.

Atividades da Associação Londrinense de Circo na Escola Municipal Nara Manella, localizada no Conjunto Semiramis
Atividades da Associação Londrinense de Circo na Escola Municipal Nara Manella, localizada no Conjunto Semiramis | Foto: Talyta Elen/ Divulgação

CORES EM MOVIMENTO

A coordenadora pedagógica do CMEI Nissia Rocha Cabral, Kássia Faria dos Santos Meterica explica que os projetos culturais estão presentes na rotina dos 184 alunos da unidade que fica no conjunto Cafezal I, zona Sul de Londrina.

Entre as atividades propostas e de interesse das crianças, o projeto sobre cores e texturas provoca surpresas. "Diante da descoberta de que misturar uma cor a outra faz uma terceira é algo que provoca fascínio".

O campo da arte é muito abrangente. São alunos curiosos, interessados e, além das atividades que respeitam a faixa etária, fomos contemplados pela Secretaria com dois projetos: o de contação de história e o de música", diz a coordenadora.

De seu ponto de vista, as ações culturais e artísticas enriquecem o aprendizado e a formação. "Na contação, eles treinam a observação, a audição e tem a chance de interpretar.

Na musicalização, aprendem e também ensinam o que sabem aos colegas e em todas essas atividades existe interação, oportunidade de se manifestar em público e de se expressar corporalmente e de ampliar a socialização", destaca.

Apresentação musical no CMEI Nissia Rocha Cabral: projetos culturais estão presentes na rotina de 184 alunos
Apresentação musical no CMEI Nissia Rocha Cabral: projetos culturais estão presentes na rotina de 184 alunos | Foto: Divulgação

FOTOGRAFIA: ARTE E DOCUMENTO

O planejamento anual e a criatividade dos professores são capazes de tornar o aprendizado mais atrativo. Na Escola Municipal da Vila Brasil, as aulas de Histórias ganharam destaque até nas redes sociais.

A proposta da atividade do professor Clayton Sirilo do Valle Furtado foi a de levar os estudantes a compreenderem as fontes materiais e imateriais da História. "Os livros didáticos de História citam claramente esses tipos de fontes. Porém, quando os estudantes passam a buscar, pesquisar, eles se sentem parte ativa no processo de ensino-aprendizagem. Mais do que isso, eles se percebem em família e em comunidade como sujeitos também produtores de História", explica.

No desenvolvimento, foi proposto aos estudantes do 4º ano B que levassem algum elemento que lembrasse a História de vida deles na próxima aula. Foram dados alguns exemplos como: fotos, brinquedos, roupas e livros.

Mesmo com pouca idade, todos levaram algo, como o primeiro brinquedo, mas a maioria, levou fotos, curiosamente, junto com as fotos, apareceram duas câmeras trazidas pelos alunos (uma analógica que utiliza rolo de filme e uma digital). "Obviamente, como professor, também levei alguns objetos, uma câmera Kodak Instamatic analógica onde foram registrados vários momentos em família, principalmente nos anos 80.

Levei também uma fita cassete e um cartucho do vídeo game Atari. Após perguntar se eles conheciam aqueles objetos, rapidamente muitos acertaram a câmera fotográfica, porém, para uma geração que nasceu com streamings de vídeo e outros tantos recursos tecnológicos a fita cassete foi confundia com CD e fita VHS, só não perdeu para o cartucho de Atari, os alunos acharam que era um minigame e que daria para jogar sem o console", relata Furtado.

Cada aluno foi chamado até a frente da sala para que mostrasse o seu objeto ou foto e falasse um pouco sobre isso, no caso das fotos, eles mencionaram o momento e as pessoas que estavam registradas nas imagens. Além disso, muitos elementos como o corte de cabelo e as roupas ajudaram a observar o que mudou e o que permaneceu no decorrer dos anos.

O resultado foi muito positivo, de acordo com o professor, pois os alunos estavam muito empolgados para mostrar e falar sobre tudo que encontraram. Perceberam que junto com aquelas fotografias, que eram fontes materiais da História de cada um deles, havia também uma imensa fonte imaterial através dos relatos dos familiares que acompanhavam as fotos.

"Afinal, até pouco tempo atrás, após o almoço de domingo em família, havia o momento para ver as fotos reveladas no álbum, essa era uma forma de conhecer muitos parentes mais velhos que sequer chegamos a conhecer", observa.

Durante a atividade, foi possível perceber também um pouco da evolução da produção das fotografias no decorrer dos anos, diante de com três câmeras fotográficas de diferentes períodos. Além de perceberem ativamente as fontes materiais e imateriais da História. "Aprofundaram o reconhecimento de mudanças e permanências, como por exemplo, os cortes de cabelo, o modo de se vestir e a evolução tecnológica tanto na produção das fotografias como no armazenamento das nossas músicas favoritas", nota.

O PROGRAMA NA PRÁTICA

O Programa Vencer é uma realização da rede municipal de ensino de Londrina em parceria com diversas organizações da sociedade civil (OSCs), selecionadas por meio de editais de chamamento. As atividades de formação e integração dos alunos são viabilizadas por um investimento de R$ 4,35 milhões do Município. A iniciativa expandiu um projeto já existente na rede municipal de ensino desde 2022.

As aulas das modalidades culturais e esportivas iniciaram no dia 19 de fevereiro, estando ativas em todas as instituições de ensino contempladas. São 19 modalidades oferecidas aos alunos, de segunda a sexta-feira, no período de contraturno escolar, com atividades de judô, karatê, taekwondo, atletismo, basquete, futsal, musicalização, circo, dança, canto coral, ballet, esportes de aventura, psicomotricidade, badminton, handebol, capoeira, ginástica rítmica, xadrez e teatro. Em 2024, o programa atende 83 escolas e 33 CMEIs, contemplando cerca de 10 mil alunos do C3 ao 5º ano, com idades de 3 a 11 anos.