Com roteiros planejados para os diferentes níveis de aprendizagem, profissionais da educação de Londrina transformaram o Parque de Exposições Governador Ney Braga em um verdadeiro campo de estudos para os alunos que integram a rede de ensino.

Nesta edição da feira, cerca de 20 escolas municipais puderam visitar o evento realizado de 5 a14 de abril em Londrina. De acordo com a coordenadora pedagógica da Escola Municipal Carlos Dietz, Denise Monrrow Lonni Rocha, 333 estudantes da unidade fizeram o passeio guiado. A unidade tem como diretora Vania Isabeli Talarico Freitas da Costa e também conta com a coordenação pedagógica de Patrícia Vieira de Lima.

LEIA TAMBÉM:

Rede municipal de Educação investe em habilidades digitais


A atividade extra classe contemplou alunos do P5 ao 5º ano e, segundo Rocha, as ações de observação começam desde a saída da escola. Motivados e orientados, fizeram um roteiro onde viram os animais, suas diferentes raças e como são cuidados.

Um experiência enriquecedora para todas as idades. "Estiveram na Fazendinha, conheceram todo o processo de criação de bicho-da-seda, a alimentação com as folhas de amora, sua transformação no fio da industrial e ganharam até um casulo", divide.

Alunos das escolas municipais na ExpoLondrina 2024, alguns foram pela primeira vez ao Parque Ney Braga
Alunos das escolas municipais na ExpoLondrina 2024, alguns foram pela primeira vez ao Parque Ney Braga | Foto: Emerson Dias/ NCom

A VIDA DO BICHO-DA-SEDA

Os alunos aprenderam que o bicho-da-seda tece seu casulo para se proteger de predadores durante a fase mais vulnerável de sua vida, o processo de metamorfose (transformação da lagarta em mariposa). Cada casulo é formado por um único fio de aproximadamente 1.500 metros e composto por duas proteínas: sericina e fibroína.

A criação do bicho-da-seda é uma atividade sustentável, agroecológica que busca a regeneração dos ecossistemas e cumpre os princípios de bem-estar animal. O que é bom para o bicho-da-seda, é bom para nós, seres humanos.

Agora também sabem que há etapas do processo produtivo envolvendo cruzamento das mariposas para produção dos ovos do bicho-da-seda, cultivo de amoreiras, criação do bicho-da-seda, produção de casulos verdes, fabricação dos fios de seda natural - e as cobiçadas peças de vestuário.

De estande em estande, colheram informações pertinentes, encantaram-se com os peixes e a natureza de um modo geral, pois entendem como a integração e o respeito do homem ao ambiente são importantes.

A hora do lanche é também programada durante o passeio. As crianças fazem partilha e puderam aprender mais sobre economia de energia e cuidados com a rede elétrica no espaço da Copel. "Há muita receptividade dos expositores com nossos alunos e essa experiência de socialização é fundamental para eles, principalmente quando estão em um grupo e devem se comportar de acordo", destaca a coordenadora.

333 alunos da Escola Municipal Carlos Dietz fizeram o passeio guiado na ExpoLondrina
333 alunos da Escola Municipal Carlos Dietz fizeram o passeio guiado na ExpoLondrina | Foto: Divulgação

CAMINHOS PARA O CONHECIMENTO

O cheiro do mato e da terra molhada são parte do passeio. Tocar os animais, ouvir um relincho e assistir a uma criação inteira ser amamentada na área dos suínos estão na memória dos estudantes.

Diferentes sensações, emoções e aprendizados. Com os sentidos postos à prova e as habilidades dos professores em observar e receber as dúvidas dos alunos, a experiência é também proveitosa para os alunos da Escola Municipal Sônia Parreira Debei.

A visita foi feita por alunos do 2º ano - sendo 18 da manhã e 18 do período da tarde. A escola tem como diretora Daniela Neves da Silva e coordenadoras pedagógicas Daniele Cristina Montanucci e Lizandra Martins dos Reis Valente.

Os maquinários de grande porte chamam a atenção e rendem uma disparada de perguntas. Ao mesmo tempo, a delicadeza de sementes, frutos de cores diferentes e perfumes que parecem existir no na Exposição aguçam a curiosidade dos pequenos.

Alunos da EM Sônia Parreira Debei fizeram muitas perguntas sobre os maquinários agrícolas
Alunos da EM Sônia Parreira Debei fizeram muitas perguntas sobre os maquinários agrícolas | Foto: Divulgação

CAFÉ: DO GRÃO À XÍCARA

Valente explica que toda a proposta do roteiro é integrada aos conteúdos estudados pelos alunos. "Na Fazendinha também tiveram uma aula sobre café, desde suas origem às variedades e isso foi muito especial porque nossa escola está localizada no Residencial do Café, berço de nossa cafeicultura", lembra a coordenadora.

"Temos uma relação muito forte com o café em Londrina e essa foi uma experiência durante e visita que fortaleceu a identidade dos alunos com o bairro, trazendo também a eles uma sensação de pertencimento", observa.

Na ocasião, tiveram a chance de acompanhar como é feita a torra do grão. "Algumas crianças não faziam ideia de todo esse trabalho que existe". E entenderam como é o desenvolvimento do plantio, que existem muitas pessoas comprometidas com o seu desenvolvimento e distribuição até que chegue para o consumidor na forma da xícara de café, bebida popular e apreciada no mundo inteiro.

Londrina foi responsável, na década de 1960, por cerca de 51% do café produzido no mundo e ficou conhecida como “Capital Mundial do Café”. Enquanto na década de 1950 o Paraná tinha 300 mil hectares dedicados ao plantio do café, em 1962, saltou para 1,6 milhão de hectares plantados. Já a decadência da cafeicultura paranaense ocorreu, principalmente pelas fortes geadas de 1963, 1964 e 1966; pela devastadora Geada Negra de 1975.

A cultura cafeeira no Paraná foi a continuação das plantações que vinham desde Minas Gerais – quando do esgotamento da exploração aurífera –, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, até chegar às terras do Norte paranaense. Tornou-se a riqueza do Estado e trouxe o desenvolvimento e o crescimento da economia estadual.

A EXPO E A EDUCAÇÃO

Do ponto de vista da professora e responsável por projetos pedagógicos e eventos da SME, Carla Cordeiro, essas atividades são uma oportunidade única e se mostram de suma importância para os educandos. “Muitas das nossas crianças conseguem conhecer o Parque através dessa visita. É um momento de descontração e uma oportunidade de conhecer um mundo muito diferente”, ressalta.

Cordeiro ainda contou que, durante o passeio, os alunos se entretêm com diversas atrações como, por exemplo, os animais, delícias culinárias e demais atividades. Além disso, a professora destaca a presença de escolas que atuam no período noturno com a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), que também foram à Exposição.

Alunos da EM Carlos Dietz e a diretora Vania Isabeli Talarico Freitas da Costa
Alunos da EM Carlos Dietz e a diretora Vania Isabeli Talarico Freitas da Costa | Foto: Divulgação