Rodolfo Gamba, Derle de Oliveira, Maria Madalena de Souza, Antonio Carlos de Souza e Benedito da Silva: funcionários do antigo teatro que continuarão fazendo parte da história do novo
Rodolfo Gamba, Derle de Oliveira, Maria Madalena de Souza, Antonio Carlos de Souza e Benedito da Silva: funcionários do antigo teatro que continuarão fazendo parte da história do novo | Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli


O dia 12 de fevereiro de 2012 ficou gravado na memória dos londrinenses como um dos mais tristes episódios da história da cidade. Em poucos minutos, naquela tarde de domingo, o Teatro Ouro Verde foi tomado pelo fogo, vindo abaixo toda a estrutura do local. A fachada intacta não dava dimensão do estrago causado à população que se aglomerava do lado de fora e esperava por um melhor desfecho. Não houve, apesar de nenhum ferido. A tragédia deixou marcas profundas e as cicatrizes da destruição do incêndio começam, agora, a ser amenizadas. Pouco mais de cinco anos depois, o teatro será reinaugurado no próximo dia 30 de junho. Como uma verdadeira fênix, ressurge, literalmente das cinzas, um dos patrimônios mais importantes de Londrina, obra de Vilanova Artigas que completará 65 anos em dezembro deste ano.

Desde o episódio, uma grande mobilização tomou conta para reconstruir o teatro: comunidade artística, engenheiros, políticos, docentes e funcionários da UEL (Universidade Estadual de Londrina), pessoas anônimas. Nesse período - entre início da obra, paralisações e finalização – a ansiedade em ver o Ouro Verde em pleno funcionamento só aumentou. A expectativa é tão grande, ou melhor, enorme, que não se fala em outra coisa na cidade desde que a obra entrou na reta final. E para quem passou anos trabalhando todos os dias no local, a vontade em voltar só cresce. Madá, Toninho, Benê e Derlê são os integrantes do time sobrevivente prontos para entrar em campo novamente. A posse imediata dos novos 15 funcionários é medida indispensável, e compromisso do Governo do Estado, para aumentar a equipe e, assim, o local funcione normalmente.

A bilheteira Maria Madalena de Souza se prepara para o grande momento: abrir de novo as portas do teatro
A bilheteira Maria Madalena de Souza se prepara para o grande momento: abrir de novo as portas do teatro



Ansiedade
Figura conhecida, a bilheteira e recepcionista Maria Madalena de Souza se prepara para o grande momento de novamente abrir as portas do teatro à população. "Essa aqui é minha segunda casa. Já poderia ter me aposentado no ano passado, mas estou esperando a reinauguração para retornar e receber o público. Também quero ensinar a próxima pessoa, porque é uma função com muitas responsabilidades." Funcionária do teatro desde 1990, a primeira vez em que Madalena entrou em um teatro na vida foi para trabalhar no Ouro Verde. "Nesses anos todos eu aprendi o que é arte, conheci pessoas e espetáculos incríveis que mudaram minha maneira de ver o mundo. Minhas filhas e neta cresceram no Ouro Verde por conta disso", conta.

Antonio Carlos de Souza, o Toninho, começou em 1983 como operador de projeção cinematográfica e, dentro do teatro, ampliou as funções para operador de som e iluminação, técnico de montagem de cenários e contrarregra. "Já vi muita coisa boa nesse teatro, principalmente com os festivais de teatro e música trazendo espetáculos com artistas e músicos de vários países. Trabalhar aqui me permitiu conhecer e me conectar com pessoas do mundo inteiro; isso não tem o que pague." Conhecedor de todos os cantos do Ouro Verde, Toninho está encantado com o espaço e não vê a hora de colocar a mão na massa. "Quando tudo pegou fogo, fiquei três dias chorando. Agora, estou muito ansioso para receber o público e mostrar todo o potencial do novo equipamento."

Benedito da Silva, Antonio Carlos de Souza e Derle de Oliveira: técnicos testam os equipamentos, está tudo pronto para a reinauguração
Benedito da Silva, Antonio Carlos de Souza e Derle de Oliveira: técnicos testam os equipamentos, está tudo pronto para a reinauguração



Incêndio
Quem chegou logo no início do incêndio, como a reportagem da FOLHA, viu toda a correria dos primeiros bombeiros e de pessoas que passavam pelo local em uma verdadeira força-tarefa. Um deles, Rodolfo Gamba, então funcionário do Ouro Verde e que ainda mora no prédio ao lado. A imagem daquele homem correndo de um lado para outro tentando salvar documentos e computadores antes que as labaredas tomassem conta foi emblemático; só parou quando os bombeiros não mais permitiram sua entrada devido ao perigo de desabamento. "Não adiantava entrar para combater o fogo, só pensava em resgatar os documentos e arquivos. Quando os estalos aumentaram, me retirei", lembra, muito emocionado.

Chamado de "nenê" pelos colegas de trabalho, por ser o mais novo da equipe, nesse período de reconstrução passou em outro concurso, no HU (Hospital Universitário) da UEL e não vai trabalhar na nova estrutura. "Mas não vou sair daqui de dentro, sempre passo para ver os amigos, pois somos uma família mesmo." Engenheiro elétrico, hoje, diz que as responsabilidades são maiores. "Tenho que manter a energia do hospital pelas vidas que estão lá. Aqui, era uma paixão. Ficávamos nos bastidores e, por isso, quase ninguém via nosso trabalho. Mas a energia que nos motivava era a que vinha do público com os aplausos. Tenho muita saudade."

Neste time de ansiosos, no qual me incluo, até mesmo por ter coberto o fatídico incêndio e acompanhado o processo de reconstrução durante esses cinco anos, anunciar a reinauguração do Teatro Ouro Verde, sem dúvidas, é uma das melhores notícias. Além disso, trata-se de um sentimento genuíno de uma londrinense que cresceu no cinema, depois no teatro, cantou em diversas apresentações, aplaudiu inúmeros espetáculos e, agora, conta a história.



Programação estendida marca reinauguração
Se o dia da reinauguração já tem data marcada e confirmada, a mais nova curiosidade se dá com relação à programação artística do teatro. Diretora da Casa de Cultura, Cleusa Cacione diz que no dia 30 de junho será realizado um cerimonial, apenas para convidados, com a participação da Osuel (Orquestra Sinfônica da UEL) que, juntamente com a participação do grupo vocal londrinense Entre Nós, interpretarão as composições Hino à Londrina, Pé Vermelho e Londrina. "Na ocasião, haverá homenagens a todos que contribuíram para a reconstrução do teatro." No saguão do teatro terá uma exposição com imagens do Foto Clube de Londrina e dos antigos cartazes produzidos na época em que Ouro Verde funcionava como cinema.

Também foi organizada uma programação estendida – que vai do dia 1 de julho a 8 de julho – aberta à comunidade. "Serão apresentações de grupos de teatro, dança, artes plásticas e visuais de Londrina e região." Os convites poderão ser retirados gratuitamente com antecedência conforme anúncio a ser feito na próxima semana. A partir do dia 9 de julho, o Teatro Ouro Verde será palco para a abertura do FIML (Festival Internacional de Música de Londrina) até o dia 22 de julho, data de seu encerramento. Na grade de programação do festival, inclusive, já foi anunciado um show com Cida Moreira e Maria Alcina, no dia 16 de julho, em que as cantoras interpretarão canções de Caetano Veloso.

Logo em seguida, no dia 11 de agosto, entram em cena as atividades do FILO (Festival Internacional de Londrina), que segue até 27 de agosto. "Somente a partir dessa data é que a agenda do teatro estará aberta para novas apresentações. Na próxima semana também vamos anunciar o preço público do teatro para o recebimento de ofícios." Enquanto as nomeações dos novos funcionários não se efetivam, a diretora diz que será preciso um mutirão de todos os funcionários da Casa de Cultura, numa espécie de revezamento, para que as atividades possam acontecer. "Meu sonho, que também é o de toda comunidade, é ver o teatro em plena atividade com todo os recursos humanos atuando." (M.T.)

Patrimônio histórico e afetivo
Para o secretário João Carlos Gomes da Seti (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), o Teatro Ouro Verde tem um significado muito especial para o londrinense e a população de toda a região Norte do Estado. "Faz parte da história de vida de cada cidadão, primeiro com o acesso das famílias ao cinema e depois com os grandes espetáculos de teatro, que colocaram o Ouro Verde no circuito cultural do Paraná. E agora a população recebe um novo teatro, reformado e restaurado, moderno mas mantendo sua arquitetura original." Com relação às nomeações dos 15 funcionários, a assessoria de imprensa informou que estão na Coordenação de Orçamento e Programação da Sefa (Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná); último estágio antes de chegar à Casa Civil para assinatura do governador.

O Cine Teatro Universitário Ouro Verde foi inaugurado originalmente em 24 de dezembro de 1952 e foi adquirido pela UEL em 1978. Em 1999 foi tombado pelo patrimônio histórico estadual, por meio da Seec (Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura), como uma das principais obras do arquiteto modernista Vilanova Artigas. O novo teatro possui capacidade para 750 pessoas e o palco foi aumentado para aproximadamente 400 metros quadrados, podendo abrigar apresentações de grandes companhias teatrais e musicais nacionais e internacionais. A previsão inicial de investimentos era de R$ 12,6 milhões e o valor total liquidado ficou em R$ 16,7 milhões. (M.T.)

Ouro Verde renasce para Londrina
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