Oscar 2024: quem levará o troféu para melhor filme, atriz e ator?

Não me recordo, em tempos recentes (nem quando a lista era menor, apenas a metade desta dezena que é agora), da variedade, qualidade e presença recente e quase maciça nas salas de Londrina dos concorrentes ao Oscar – esta é a 96ª da história do prêmio. O cinéfilo londrinense chegará à noite da mais badalada festa do cinema mundial (neste domingo, 10, ao vivo na TNT a partir das 18 horas) com tudo em cima para torcer pelos seus candidatos preferidos. A unica exceção é “American Ficcion”, ainda inédito por aqui.

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Sejamos realistas: a corrida pelo melhor filme aponta com força para “Oppenheimer”. O diretor Christopher Nolan deu aos eleitores da Academia uma vantagem do tamanho de um IMAX do seu gênero favorito – a cinebiografia de um grande homem da História – e depois que o filme arrecadou quase um bilhão de dólares em todo o mundo, o caminho para o Oscar principal ficou ainda mais iluminado.

Ainda assim, por que não acrescentar alguns riscos à esta cômoda situação? Veja se você consegue sabotar a sua própria preferência e das pessoas que você conhece e que torcem pelo pai da bomba, convencendo-as de que um candidato azarão pode derrubar o poderoso candidato de Nolan.

Sugira, por exemplo, que “Os Excluídos” de Alexander Payne, pode espelhar a trajetória de “pequeno filme que poderia, quem sabe...” Note-se ainda que o crescente contingente internacional da Academia poderia levar as coisas para o lado do ardiloso “Anatomia de uma Queda” ou da síndrome coreana pós-Parasita, recompensando a lírica melancolia de “Vidas Passadas”. Ou mencione que o caminho para o melhor filme tende a passar pela categoria de roteiro original, e como “Oppenheimer” corre o risco de perder um troféu de escritor para “Ficção Americana” . Talvez esses filmes sejam a verdadeira ameaça. Você pode se divertir causando um pouco de caos em sua cabeça. Apenas certifique-se de marcar “Oppenheimer” em sua cédula, porque pode mesmo sair ganhando.

E aposte também na dobradinha. Embora Christopher Nolan, 53 anos, tenha sido considerado o principal diretor de grande sucesso de sua geração, um feito que ele ainda não conseguiu é ganhar um Oscar. Isso finalmente pode mudar neste fim de semana, completando uma jornada que começou há 15 anos, quando o Oscar aumentou o número de indicados para melhor filme depois que seu “O Cavaleiro das Trevas” foi desprezado nas duas principais categorias. Agora, ele pode garantir ambos.

A lista completa: “Ficção Americana”, “Anatomia de uma Queda”, “Barbie”, “Os Excluídos”, “Assassinos da Lua das Flores”, “Maestro”, “Oppenheimer”, “Vidas Passadas”, “Pobres Criaturas” e “Zona de Interesse”.

ATORES E ATRIZES

E chegamos ao quesito interpretação, sempre dado a frissons e lamúrias, como as que cercaram a não indicação de Margot “Barbie” Robbie. Entre os homens, Paul Giamatti (minha preferência, entre todos) tem uma narrativa de veterano do tipo “ele merece”, e Bradley Cooper apresentou em “Maestro” aquele desempenho transformador que os eleitores costumam buscar. Mas é Cillian Murphy, estrela de “Oppenheimer”, quem está em melhor posição para levar este Oscar. Candidatos que ganharam os prêmios SAG e BAFTA, como Murphy, costumam não vacilar na linha de chegada.

Entre as mulheres, esta será a categoria principal mais cheia de suspense da noite do Oscar. Emma Stone domina com muita folga todas as cenas de “Pobres Criaturas”, mas como ela já ganhou o prêmio por “La La Land”, os eleitores levam isso em consideração na decisão de conceder outro. Embora Lily Gladstone possa ser a única chance de vitória para o envelhecido “Assassinos da Lua das Flores”, a vitória dela seria histórica para os artistas nativos americanos. Ela acabou de ganhar o Prêmio SAG, normalmente o melhor indicativo premonitório desta corrida. Mas a atrevida nova mulher Bella Baxter de Stone será minha eterna vencedora.

Entre os secundários será muito dificil tirar a estatueta das mãos de Robert Downey Jr como o algoz político de Oppenheimer, embora Mark Ruffalo seja um feroz oponente como o machista boçal (pura redundância) em “Poor Things”. Ou da esplêndida Da’Vine Joy Randolph : sua atuação como a cozinheira enlutada em “Os Excluídos” é aquele mix divino maravilhoso de dor profunda e humor agridoce, e dá aos eleitores a grande oportunidade de premiar um filme que muitos de nós adoramos. A vitória dela é a mais certa entre todas as nominações.

No mais, entre outras especulações & variações em torno das estatuetas, é de esperar que acadêmicos made in USA, sempre zelosos dos próprios umbigos, não avalizem “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” , deixando de lado o primoroso “O Menino e a Garça”.