Antonio Calloni também interpretou o marroquino Mohamed em "O Clone"
Antonio Calloni também interpretou o marroquino Mohamed em "O Clone" | Foto: Reprodução



Na minissérie 'Dois Irmãos' (Globo), o personagem Halim sempre foi um louco apaixonado por Zana. Mas, segundo Antonio Calloni, que deu vida ao comerciante na segunda fase da trama, ao lado de Juliana Paes, a relação do casal se transformou depois que os gêmeos Omar e Yaqub nasceram. Assim, o temor de ser deixado de lado pela mulher se concretizou e Halim virou uma espécie de coadjuvante no próprio lar. Com isso, sua figura pacífica passou a dividir espaço com alguns momentos de fúria.
"Halim pode ser definido como 'bon vivant', que faz tudo pelo prazer. Nunca se preocupou em enriquecer, mas tinha tino para os negócios. E queria ter tempo para amar essa mulher. Não queria ter filhos, porque achava que atrapalhariam e, de fato, surgiram conflitos. É um personagem fascinante porque é extremamente amoroso, mas com uma violência brutal também", analisa Calloni.
O imigrante libanês chegou ainda menino em Manaus, no Amazonas. Mesmo assim, o ator se aprofundou sobre os costumes do Líbano. E, durante três meses, se preparou no galpão do diretor Luiz Fernando Carvalho, junto com o restante do elenco.
"Foi um processo muito intenso, com aulas de corpo, culinária, dança e prosódia, para sentir o calor dessa família. A gente fala poemas em árabe e decorar assim não é fácil. Mas deu pra fazer", conta.
Halim não é o primeiro personagem de origem árabe de Calloni. Em "O Clone", o ator viveu o marroquino Mohamed. Embora algumas lembranças da trama de Glória Perez tenham permanecido, ele conta que há diferenças entre os dois trabalhos.
"O Clone' tinha outro tom. A gente acha que árabe é tudo igual, mas não é. Lembro até hoje da primeira surata do Alcorão, em árabe. Sei inteira desde 2001, quando gravamos a novela. Mas já tinha me esquecido de outros costumes e há alguns diferentes", salienta.
'Dois Irmãos' tem três fases e, por isso, Calloni dividiu com Bruno Anacleto e Antonio Fagundes o papel na minissérie. Para o ator, a experiência foi muito boa.
"A troca com Fagundes foi bem proveitosa e Bruno é um ator fantástico, me ensinou muito. Com a pequena trajetória que tem, foi uma pessoa de grande generosidade e entrega no processo todo de ensaio, uma referência indispensável. Todo mundo veio com uma experiência bastante pessoal", confessa.
Mesmo que o personagem tenha ganhado nuances diferentes em cada fase, a partir da interpretação dos três atores, Calloni não consegue separar o seu Halim dos vividos pelos colegas. Sua principal referência é o diretor, além do texto escrito por Maria Camargo, adaptado da obra homônima de Milton Hatoum.

"Só vejo o personagem. Acompanhei o que o Bruno e o Fagundes fizeram, mas o filtro maior sempre foi o Luiz Fernando e o próprio texto, porque cada fase tem um comportamento distinto. O Halim mais velho, decadente, tem outra energia, diferente do que eu faço. O meu é mais vigoroso, mas é por causa do momento da história. É ali que o bicho pega", analisa.