"Domingo à Noite", que estreia no Espaço Villa Rica nesta quinta-feira (25), vai contar com uma conversa on-line com o diretor André Bushatsky. O filme apresenta ao público a vida de Margot, uma atriz idosa que toma para si a responsabilidade de cuidar do marido, outrora um escritor renomado, que agora sofre com Alzheimer.

O casal passa a maior parte do dia a dia dentro de casa por causa da doença de Antônio, tendo vez ou outra a visita dos dois filhos. Essa é a premissa de "Domingo à Noite", novo filme protagonizado por Marieta Severo e Zé Carlos Machado. O enredo se assemelha à realidade vivida pela atriz - quando o marido Aderbal Freire Filho adoeceu.

No desenrolar do longa, a Margot de Marieta descobre que também tem Alzheimer. Com isso, ela não consegue decorar as falas da cena final do filme que estava gravando, o que a faz duvidar da sua validade como atriz e também se vai conseguir seguir cuidando do marido.

Em entrevistas, Marieta Severo, 77 anos, disse que durante as filmagens foi inevitável traçar um paralelo com seu próprio envelhecimento. "Lido com a velhice tendo todos os cuidados, temores e alegrias de se estar viva. Claro que sempre existe aquela pergunta - ai meu Deus, o que será que vai acontecer daqui a seis meses? Mas sempre tive uma relação muito positiva com a vida. De muita força, de me atracar nela. Então continuo atracada."

A atriz havia montado uma UTI em casa para o marido, o diretor teatral Aderbal Freire Filho, que teve um acidente vascular cerebral em 2020. Ele morreu em agosto de 2023. "Isso mexeu comigo de diversas formas, mas eu vi que era um golpe mágico da vida para me fazer viver paralelos na ficção. Meu manancial, como atriz, são minhas memórias, histórias, emoções e vivências. Gravar o filme poderia me ajudar. A arte desempenha uma função restauradora", afirmou.

Saber que Marieta estaria no filme fez Zé Carlos Machado querer aceitar o convite para interpretar Antônio, o homem com Alzheimer. O curioso é que o ator também viu sua vida espelhada na história do seu personagem - antes de dizer "sim" à produção, Zé Carlos tentava se recuperar de um caso crítico de Covid-19.

Para fazer o homem que perdeu a memória, Zé Carlos diz ter pesquisado a fundo o Alzheimer. Viu documentários, conversou com médicos, trocou figurinha com conhecidos que conviveram com a doença, e assistiu a "Meu Pai", filme com o qual Anthony Hopkins levou o Oscar por interpretar um idoso com demência.

Baseado numa peça de teatro, o filme americano também se passa quase todo em uma única locação, a casa do personagem de Hopkins, o que torna inevitável a relação com "Domingo à Noite".

Zé Carlos, por sua vez, diz estar se sentindo mais limitado aos 73. "Muita gente da minha geração está ficando doente. Já há um bom tempo eu vivencio esse universo da perda e da morte. Essa coisa que aconteceu comigo na Covid está ligada a uma percepção de que a morte não é uma coisa terrível. A gente tem que aceitar. Se resistir, fica mais difícil o combate."

SERVIÇO:

"Domingo à Noite"

Onde: Espaço Villa Rica, Londrina

Estreia: quinta-feira (25), às 19 horas

Classificação 14 anos