O 25º Festival Kinoarte de Cinema (FKC) teve a sua estreia nesta sexta-feira (10) e abre o final de semana com uma agenda repleta de atrações especiais, sendo muitas gratuitas.

O Espaço Villa Rica, importante local para a cultura e história de Londrina, foi escolhido para sediar grande parte do evento e acolher o público aficionado pela telona.

A programação completa do Festival pode ser conferida no site oficial e no perfil do evento no Instagram.

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SÁBADO

Neste sábado (11), a maquiadora Evelise Chaiben ministrará a oficina gratuita “Maquiagem na Produção Audiovisual”, das 9h às 12h, ensinando a preparação da maquiagem a partir da estética e da personalidade dos personagens conforme roteiro e arte. A oficina também será dada no domingo (12), no mesmo horário.

À tarde, o primeiro cineasta e fotojornalista negro londrinense, Ari Cândido Fernandes, falecido em 19 de agosto deste ano, será homenageado pelo festival. A sessão especial, em parceria com o Cocine (Coletivo de Cinema Negro de Londrina), começa às 16h e é gratuita, aberta ao público. Serão exibidos cinco curtas em memória do veterano: "Martinho da Vila, Paris, 77" (1977), "Por que a Eritréia?" (1979), "O Rito de Ismael Ivo" (2003), "O Moleque" (2004) e "Jardim Beleléu" (2009).

Ainda na programação de sábado, o público poderá assistir ao documentário “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato, às 18h, seguido de debate com a participação de Isabela Cunha e Robson Arantes.

Exu e Universo, de Thiago Zanatto, será exibido neste sábado (11)
Exu e Universo, de Thiago Zanatto, será exibido neste sábado (11) | Foto: Divulgação

Já às 20h30, a Competitiva Londrinense de Curtas abre com “O Jogo dos Espíritos”, produção de Ana Beatriz Piga, Emily Kono, Gabriel Souza, Hevelyn Souza, Juliana Silva, Kawani Oliveira, Maria Eduarda França e Maria Eduarda Manzano.

Na sequência, o documentário "Insubmissas – Mulheres em luta no Saara Ocidental", de Laura Dauden e Miguel Angel Herrera, tem sua estreia nacional. Também será exibida a ficção “Solange”, de Nathalia Tereza e Tomás Osten, fechando com o debate com a atriz londrinense Cássia Damasceno.

Cada uma destas sessões terá o valor de R$ 12.

Longa-metragem "As Insubmissas", de Laura Dauden e Miguel Angel Herrera, é outra atração deste s
Longa-metragem "As Insubmissas", de Laura Dauden e Miguel Angel Herrera, é outra atração deste s | Foto: Divulgação

DOMINGO

Em 2023, o Kinoarte, Instituto de Cinema de Londrina e responsável pela realização do FKC, completa 20 anos de atividade. Para celebrar, a programação inclui uma sessão especial contendo nove filmes produzidos nas oficinas, neste domingo (12), às 15h30, com entrada gratuita.

A Competitiva Paranaense de Curtas acontece no domingo (12), às 17h, com a exibição de sete filmes. O longa-metragem “De Você Fiz Meu Samba”, um documentário de Isabel Nascimento Silva, começa às 19h. A sessão das 20h30 inicia com o curta “Entre Espaços”, da Competitiva Londrinense, seguido do longa “Propriedade”, de Daniel Bandeira. O ingresso de cada sessão custa R$ 12.

SEGUNDA-FEIRA

No festival, na segunda-feira (13), a semana começa com as atividades dos projetos sociais da 25ª edição do FKC. Facilitando o acesso do público ao cinema, a organização do evento leva uma sessão especial até o Instituto Roberto Miranda, às 9h.

O evento volta para o Villa Rica às 13h, com a sessão infantil do Projeto Kinocidadão, que atende estudantes da rede pública de Londrina.

A partir das 20h, o público acompanha a Competitiva Londrinense de Curta, com a exibição de “A Grande Nuvem de Magalhães”, seguida do longa “O Coringa do Cinema”, de Sérgio Kieling, com ingressos a R$12.

O Coringa do Cinema, de Sérgio Kieling. será exibido na segunda-feira (13)
O Coringa do Cinema, de Sérgio Kieling. será exibido na segunda-feira (13) | Foto: Divulgação

LONDRINENSE É REFERÊNCIA DO CINEMA NEGRO

Nascido em Londrina em 1951, Ari Cândido Fernandes é considerado um dos principais representantes do cinema negro brasileiro. O contato com o cinema veio nos anos 60, através do cineclubismo na cidade natal.

Jovem, mudou-se para Brasília onde iniciou o curso de cinema na UnB (Universidade de Brasília), mas precisou se exilar em Estocolmo, na Suécia, em razão da Ditadura Militar no Brasil na época. No exterior, teve contato com cineastas renomados e aperfeiçoou seus conhecimentos na área de paixão.

Formou-se em cinema pela Nouvelle Sorbonne, em Paris, na França, e produziu o seu primeiro curta-metragem “Martinho da Vila, Paris”, em 1977, presente na programação do Kinoarte. Também se aventurou pela fotografia, atuando como fotojornalista de guerra e realizando coberturas na África, Saara Espanhol e Irã.

Foi o único fotógrafo brasileiro a cobrir a guerra civil na Eritréia, na África, o que resultou no livro "Eritreia – Uma Esquecida Guerra de Libertação Africana", publicado em 1986, e no seu premiado filme “Por que a Eritréia?”, de 1977, que também será exibido no festival.

De volta ao Brasil, Ari viveu em São Paulo e atuou como professor universitário, ativista do movimento negro e foi um dos criadores e coordenadores do Projeto Zumbi e do manifesto Dogma Feijoada SP.

Ari Cândido: londrinense criou o primeiro cineclube da cidade
Ari Cândido: londrinense criou o primeiro cineclube da cidade | Foto: Divulgação

20 ANOS DE KINOARTE

A produção cinematográfica do Paraná ganhou um impulso significativo a partir de julho de 2003, com a criação da Kinoarte - Instituto de Cinema de Londrina. A iniciativa surgiu com o objetivo de desenvolver e promover a cinematografia, além de outras linguagens artísticas como a música e artes performáticas e visuais.

O Instituto é responsável por abrir as portas para muita gente se tornar cineasta. Através de uma formação extensa e abrangente nas áreas de produção, roteiro, direção, montagem, fotografia, som e edição, os apaixonados por cinema aprendem na prática as técnicas e teorias para realizar seus próprios filmes.

“A Kinoarte nasceu em 2003 a partir de um desejo coletivo de se fazer filmes num lugar onde o cinema, enquanto prática, ainda precisava ser construído”, explica Artur Ianckievicz, curador e organizador do festival. “O Instituto de Cinema de Londrina vem atuando há décadas com práticas que englobam quatro objetivos principais: produzir, exibir e preservar filmes, além de realizar projetos de formação audiovisual.”

Durante as duas décadas de trajetória, a Kinoarte contabiliza a realização de 46 filmes, nos mais variados suportes, além da promoção de oficinas e mostras de cinema. Toda a produção resultou na conquista de mais de 60 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Entre os destaques, estão “Londrina em Três Movimentos”, “O Quinto Postulado”, “Satori Uso”, “Booker Pittman”, “Haruo Ohara”, “Maria Angélica”, “Galeria”, “Do Outro Lado do Rio” e “O Castelo” e “Sylvia” – todos premiados.

De acordo com o curador, desde que foi criada, a Kinoarte esteve presente em grande parte do que foi produzido em termos de audiovisual na região e auxiliou na formação de centenas de pessoas que hoje se dedicam ao fazer cinematográfico.

* Supervisão: Célia Musilli/ Editora