Ah, o verão americano... Época em que as grandes estrelas brilham no céu cinematográfico, e que as indústrias esfregam as mãos esperando pelo próximo lançamento que possa render algumas centenas de milhões de dólares. Pegando carona nas férias escolares, não é por acaso que a 'summer season' - que determina lançamentos feitos entre junho e setembro nos EUA - é o período em que a safra geralmente conta com um orçamento maior, refletindo a aposta dos estúdios em maiores bilheterias em todo o mundo.
Mas se o período rende alguns ótimos blockbusters (como ''Batman: Cavaleiro das Trevas Ressurge''), a época também é cheia de barcas furadas, que usam do nome de protagonistas famosos para atraírem fãs estridentes em filmes de 'sessão da tarde', cheios de buracos e com roteiros pouco originais. Este é o caso de ''Lola'' - estreia dessa semana nos Cines Araújo, do Shopping Catuaí - remake de uma comédia francesa que acompanha um ano na vida de adolescentes frenéticas.
A versão americana se entrega pela capa. Surgindo como um mau agouro comparado apenas a encontrar uma galinha preta em uma encruzilhada, se você caminhar por um filme estampado com a jovem e sorridente Miley Cirus, tome cuidado. Para quem não sabe, a mocinha é um dos maiores ícones 'teen' dos últimos anos e - apesar de ser feia, sem talento para atuar e com voz que parece a de um pato resfriado - é também quase certeza de um filme ruim.
Uma garota popular no colégio (Miley Cirus). O namorado ciumento Chad (George Finn). O melhor amigo perfeito Kyle, que tem uma banda (Douglas Booth). Já sacou a história? Rápida e despretensiosa, a narrativa principal pode ser resumida dentro de um 'tweet', e o longa - que acontece de maneira episódica, como episódios dentro de um diário - poderia ser picado em vários pedaços, e transformado em uma série televisiva (de romance adolescente/relacionamento mãe e filha) no estilo 'Gilmore Girls'.
Mas se o casal protagonista é insosso e sem graça (Booth é um dos novos candidatos para substituir o ''vampiro-corno'' Robert Pattinson no coração das adolescentes), o filme obtém seus melhores momentos devido a atuação competente de seu elenco secundário. Além da divertida amiga Emily (Ashley Hinshaw), o núcleo ''adulto'' composto pela mãe de Lola (Demi Moore), o policial/amante (Jay Hernandez) e o ex-marido (Thomas Jane) tem uma química interessante, conferindo uma boa dinâmica quando entram em cena.
Outro ponto positivo do filme é a competência da sua equipe técnica - a fotografia é acima da média - mas a direção de Lisa Azuelos não consegue sublimar a enxurrada de clichês e propagandas descaradas; não deixa de ser decepcionante quando a câmera enfoca uma caixa de joias da Pandora ou um pacote de bala Mentos em primeiro plano, só para mostrar para a garotada que Miley Cyrus consome este doce e aquela joia.
Desmiolada do princípio ao fim, a história ainda tenta rejuvenecer alguns conflitos, mas isso acaba esterilizando ainda mais os relacionamentos entre os fracos personagens; por exemplo, o drama atinge seu ápice quando Lola deixa de ser amiga de Kevin no Facebook. O universo do filme está, obviamente, dentro do pavoroso gênero 'chick flick' - ou seja, se você não for uma garota de 13 anos acompanhada de suas ''melhores amigas para sempre'' (BFFs, em inglês), passe longe dessa confissão de ''aborrecente''.