O maior evento carnavalesco de Londrina continua rendendo polêmicas uma semana após a sua realização. A festa de rua promovida pela Prefeitura no domingo de Carnaval (20), no estacionamento do Jardim Botânico, tem dividido opiniões e gerado discussões acaloradas. De um lado, apesar de reconhecer algumas falhas a Prefeitura defende a importância da manifestação cultural que tem conquistado um público maior a cada nova edição e que atraiu cerca de 30 mil pessoas neste ano. No extremo oposto, moradores da zona sul reclamam do barulho e do lixo gerado durante a folia que aconteceu no entorno de uma área de preservação ambiental.

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As reclamações de londrinenses que residem em bairros da zona sul próximos ao Jardim Botânico levaram a 20ª Promotoria de Justiça - setor do Ministério Público do Paraná especializado na defesa do meio ambiente local - a abrir um procedimento administrativo para apurar se a festividade causou danos contra a área verde gerenciada pelo governo do Estado. Por outro lado, representantes da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina e de outros orgãos envolvidos no evento avaliam que apesar dos contratempos o saldo do evento foi positivo. "Realizamos uma reunião na manhã desta sexta-feira (24) com integrantes da CMTU, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil. A avaliação geral é de que as coisas transcorreram bem no Carnaval de rua de Londrina neste ano. Algumas dificuldades foram observadas em relação ao fluxo de veículos devido ao grande número de pessoas no local. Houve também casos de atendimentos médicos e de apreensões da polícia civil por causa de furtos, incluindo uma tentativa de roubo de um trator do Iapar. E tivemos problemas com lixo, mas que no dia seguinte foi recolhido. Apesar disso, a escolha do estacionamento do Jardim Botânico para a realização da festa foi considerada uma escolha acertada. E até mesmo integrantes de órgãos ambientais avaliaram que o impacto no local foi mínimo", destacou Valdir Grandini, membro da equipe da Secretaria Municipal de Cultura responsável pela organização do Carnaval de Londrina 2023.

Ele enfatizou que Londrina teve um Carnaval atípico pois representantes dos órgãos envolvidos do evento não consideraram seguras as condições do Aterro do Lago Igapó II devido à previsão de chuvas fortes e riscos de alagamentos e descargas elétricas no local onde seria realizada a folia. “Cerca de 30 mil pessoas participaram do Carnaval no estacionamento do Jardim Botânico. Do ponto de vista da programação artística, a festa de rua de Londrina se desenvolveu bem. A participação dos blocos na programação cultural foi muito feliz. Estava todo mundo ansioso para brincar e participar da festa na rua. Mesmo em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde tem desfiles das escolas de samba o carnaval de rua tem crescido assustadoramente. É preciso dar atenção a isso e organizar na medida do possível dar o fomento necessário à potencialidade expressiva dessas atividades carnavalescas.”, afirma ao adiantar que no próximo ano a festa deve voltar a ser realizada no Aterro do Lago Igapó II.

Artistas que se apresentaram durante a festa também elogiaram o evento londrinense. “Levemos 22 crianças de adolescentes atendidas pelo projeto Passo Pro Futuro para uma apresentação que foi um sucesso. São moradores de comunidades carentes localizadas nos jardins Califórnia e União da Vitória que participam de aulas gratuitas de dança de rua e que ainda não conheciam o Jardim Botânico. Elas ficaram muito felizes ao serem aplaudidas pelo público durante o Carnaval, receberam muitos elogios e convites para apresentações futuras. O saldo foi muito positivo”, afirmou Vasco Roverall, idealizador e coordenador do projeto que existe na cidade há 17 anos.

Guilherme Rossini: " A equipe de limpeza chegou no dia seguinte e o local ficou totalmente limpo, porém algumas pessoas que são contra o Carnaval chegaram no local às 6 horas da manhã e fizeram fotos antes da limpeza”
Guilherme Rossini: " A equipe de limpeza chegou no dia seguinte e o local ficou totalmente limpo, porém algumas pessoas que são contra o Carnaval chegaram no local às 6 horas da manhã e fizeram fotos antes da limpeza” | Foto: André Trigueiro/ Divulgação

“O carnaval está intrínseco na cultura do brasileiro. E Londrina tem acompanhado um movimento nacional de crescimento do carnaval de rua, principalmente depois da pandemia. A cidade tem um público excelente, participativo e familiar, não tivemos uma ocorrência grave durante a festa”, ressaltou o músico Guilherme Rossini, coordenador do Bloco do Bafo Quente, principal atração da festa realizada no estacionamento do Jardim Botânico. Ele salientou ainda que alguns contratempos podem ocorrer em festas de grande porte. “A gente acompanha o Carnaval de outras cidades sabe que a festa muda a rotina das pessoas. Por mais que a gente teve feito uma campanha forte, fica sujeira no local e a gente precisa de um tempo hábil pra deixar tudo em ordem. A equipe de limpeza chegou no dia seguinte e o local ficou totalmente limpo, porém algumas pessoas que são contra o Carnaval chegaram no local às 6 horas da manhã e fizeram fotos antes da limpeza”, enfatizou.

"Achei o Carnaval de Londrina deste ano bem organizado e com ótimas apresentações artísticas. Não presenciei nenhuma briga ou incidente durante a festa. Porém, acho que a escolha de fazer a festa no estacionamento do Jardim Botânico foi inadequada, principalmente pelo fato de ser um local de difícil acesso para muitas pessoas. Ouvi muita gente reclamando do lixo deixado no local, mas no dia seguinte tudo foi recolhido. Espero que no próximo ano a festa aconteça no Autódromo e que as atrações sejam divididas em vários dias em diversas regiões da cidade para que todos possam participar”, ponderou o historiador aposentado Edson Holtz. “Costumo passar o Carnaval no Rio de Janeiro e em Olinda. Essa foi a primeira vez que fiquei em Londrina. Acho que a festa realizada pela Prefeitura tem potencial de público, mas que precisa melhor bastante em infraestrutura, incluindo mais lixeiras e mais banheiros químicos para atender uma multidão sedenta pelo Carnaval”, apontou a empresária Anna Marta Rosa.

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