O nome Pedro naturalmente remete a força, rocha, fortaleza. Pedro é edificação, é base e amparo. Mas quando acrescentamos ao Pedro um sufixo diminutivo, este novo nome pode ter carinho ou uma simbologia de algo pequeno e frágil. Pode ser tudo isso, e pode ser nada disso. A história é que vai determinar.



Neste último sábado, trabalhei com Pedrinho. Para mim, é o nosso melhor comentarista. È o que consegue aliar campo, tática, linguagem, visão do jogador e traduzir tudo de forma simples, mesmo com as novas terminologias que já são indispensáveis para entender o novo futebol. Pedrinho é gênio sem a necessidade de se reconhecer craque.


E Pedrinho é humilde. O físico franzino e as lesões freqüentes o fizeram ser muito resiliente para prolongar uma carreira num tempo em que a força era muito mais preponderante do que a técnica. Venceu. Campeão Brasileiro, de Libertadores e estaduais ratificaram o talento apesar das inúmeras pancadas no joelho.


Trabalhar com Pedrinho é sempre uma aula. E o melhor são as conversar em “off”, as que acontecem fora do ar. Enquanto aguardávamos para transmitir Cuiabá x São Paulo, jogavam Flamengo x América-MG. Ao final do primeiro tempo, Pedrinho disse: “Se o América entender que o Flamengo tem um buraco no meio campo pode levar vantagem”. E foi utilizando esses espaços que criou chances e saiu na frente no placar, mas cedeu o empate nos acréscimos.


Então, fomos para o nosso jogo. São Paulo tinha goleado o Santos na última rodada e o Cuiabá em crescimento. Antes de entrar no ar, ele resgata um vídeo no Youtube e diz: “Julião você narrou um dos gols mais bonitos que eu fiz”. Eu digo, impossível. Não era narrador à época em que você jogava. Então, ele mostra o gol feito num torneio de showbol, quase uma bicicleta. E era minha narração.


“Quando dizem que não marquei gol de bicicleta, eu mostro esse aqui, e digo quem narrou”, diz ele. Pedrinho é assim, gentil e craque na simplicidade de enxergar o jogo. A cada transmissão com ele uma aula no jeito de traduzir uma partida de futebol.