A história registra os vencedores, os campeões. A cultura esportiva não ajuda lembrar dos vices, ou de campanhas maravilhosas que não resultaram em título. Há exceções, sim, mas poucas, como a seleção Holandesa de 74, ou o Brasil de 82.

O Fluminense há muito é exaltado pelo estilo e coragem de jogar futebol. Mas essa mesma cultura do futebol que não aceita “novos” com ideias diferentes massacrou, em vários momentos, Fernando Diniz. Sim, ele evoluiu em não ser tão radical em alguns conceitos, mas quem não muda durante a vida seus pensamentos e atitudes pelas experiências vividas?

O Fluminense foi improvável em alguns conceitos. Não se rendeu ao casual estilo de jogo de se proteger a qualquer custo e depois buscar vencer jogos. Foi ousado em estilo e crenças. Foi audacioso em ter como titular quatro, dos cinco jogadores defensivos, acima de 30 anos, sendo dois na casa dos 40.

A história gosta de heróis, mas não esqueçamos que nunca haverá um se não houver por perto coadjuvantes. Cano, um argentino, mais uma vez entra pra história tricolor. Cano não é velocista, não é driblador, não é bom nas bolas aéreas. Cano sabe que definir rápido é a sua melhor versão. E o time conseguiu formatar Keno e Arias para dar essas possibilidades ao atacante.

Se heróis precisam de coadjuvantes, não podemos negar que são predestinados, já têm histórias preescritas. Kennedy teve a dele. Não escrita, mas falada por Diniz: “você vai fazer o gol do título”. A maneira com que o atacante finaliza para fazer o gol do Flu na prorrogação é a essência de quem tinha no pé toda a energia de um momento único e de redenção. Quase vira vilão, mas terminou como herói.

Uma história que terminou com o título. E como história de vida real, dramas, dúvidas, comemorações, frustrações, risos e lágrimas. E que termina com risos e lágrimas porque toda celebração é um misto de sensações confusas e que se misturam. Afinal, a glória eterna tem todos esses caminhos e sentimentos.