Nunca foi fácil ser árbitro de futebol. Dos tempos de alambrados à beira do gramado, em que se atirava de tudo para dentro de campo, aos dias de hoje em Arenas mais seguras, o “Sr. Juiz” continua sendo o alvo de todas as responsabilidades que não agradam ninguém. É o impopular. É o que mais tem autoridade em campo, mas o que menos fala e mais ouve. E ouve de tudo.

A pressão sobre o árbitro é cultural. Desde a base já se aprende: “Fala com ele...tem que falar”. E assim os meninos começam desde cedo a querer controlar o “juiz”. E seguem assim. E a eles se somam técnicos, auxiliares, comissão técnica e qualquer outro que estiver dentro de campo. E não importa se tem direito a reclamação, vale primeiro pedir a falta, o lateral, o pênalti, o escanteio, tudo.

Simula-se falta, cotovelada, gritos absurdos. Isso não é vergonhoso, mas se o árbitro não atende, aí sim é uma vergonha.

Para algumas coisas houve evolução no futebol, mas esse amadorismo de que “se errar a meu favor é problema dele” ainda faz o nosso futebol pobre. É uma gritaria para ganhar a preferência na escolha da marcação, que não importa se há razão, mas tem que pedir. Sem constrangimento, vão todos depois de uma partida apontar “a fraca arbitragem” do futebol brasileiro.

Uma cultura viciada se muda com mais conhecimento ou mais educação. Difícil esperar que isso ocorra no nosso futebol, que carrega a necessidade de vencer a qualquer custo como sobrevivência na selva de uma guerra coletiva, que todos sabem que não é possível vencer sempre. Mas tentam, e se tiver que “apitar” o jogo para isso irão fazer, e depois vomitar o discurso que está sempre pronto: arbitragem brasileira é fraca.

Forte são os que sempre querem manipular.