Brasília - O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou nesta quarta-feira (13) o pedido feito por Ednaldo Rodrigues, presidente afastado da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), para voltar ao cargo. A decisão foi tomada pela presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura. Ela entendeu que não há interesse público no pedido da CBF e não cabe esse tipo de recurso direto à presidência.

Por isso, segundo a ministra, não é admissível o pedido à corte para suspender a decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) que destituiu o dirigente do cargo.

No pedido de suspensão da destituição assinado pelo corpo de advogados de Rodrigues, incluído o ex-ministro José Eduardo Martins Cardozo, e endereçado à presidente do STJ, eles defendem que o afastamento do presidente da CBF coloca em risco "a organização do futebol no país e toda a sua cadeia econômica", podendo levar à suspensão da entidade e a "impossibilidade das seleções e clubes brasileiros disputarem competições internacionais".

Os advogados pediram ainda que, caso a suspensão não fosse aceita, que Rodrigues pudesse permanecer no cargo para convocar, no prazo de 30 dias, novas eleições.

A decisão da Justiça do Rio que tirou o dirigente do cargo também impôs que o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), José Perdiz, assuma a entidade no papel de interventor e convoque eleições no prazo de 30 dias úteis.

BASTIDORES FERVENDO

Os bastidores do futebol brasileiro estão movimentados com a mudança de gestão na CBF. Isso desencadeia não só uma articulação política, mas também mantém viva a disputa na Justiça que ganhou corpo na semana passada.

A CBF está sob o comando de José Perdiz, interventor nomeado pela Justiça do Rio para conduzir o processo eleitoral, após o afastamento de Ednaldo Rodrigues, e de todos os vices eleitos com ele.

O nome de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, circulou em duas frentes nesta terça-feira (12): uma foi na aproximação com Perdiz para cuidar da seleção enquanto o mandato do interventor acontecer.

A outra foi como possível candidato na futura eleição. Reinaldo chegou a tentar se eleger em 2018, mas, sem apoio de Marco Polo Del Nero contra Rogério Caboclo, não formalizou candidatura.

Quem também se aproximou de Perdiz para esse período transitório na CBF foi Caio Rocha, ex-presidente do STJD, que atuaria como um secretário-geral. Quem ocupa a função na CBF atualmente é Alcino Reis Rocha.

Há uma discussão fora da CBF se Perdiz poderia nomear membros para diretoria ou não. A decisão do TJ-RJ diz que ele seria nomeado para conduzir o processo eleitoral e pagar as contas para manter a entidade em funcionamento.

Perdiz se licenciou da presidência do STJD para ficar só na CBF nesse período e deixou o comando do tribunal com o vice, Felipe Bevilacqua.

O interventor foi à sede da entidade e começou a tomar pé do ambiente para iniciar o trâmite que culminará na convocação da eleição em até 30 dias úteis —ou seja, até a semana de 22 de janeiro. Ednaldo, inclusive, estava lá. A CBF formalmente está em recesso, sem expediente dos funcionários. (Com Igor Siqueira e Rodrigo Mattos/Folhapress)