Bogotá - A cena de Roberto Carlos arrumando o meião na derrota brasileira para a França, na Copa do Mundo de 2006, ainda é motivo de ira de alguns brasileiros e de momentos de angústia para o lateral. Mas uma viagem como a que faz para Bogotá com o Corinthians - o time enfrentaria na noite de ontem o Independiente Medellín -, sua primeira para fora do Brasil desde que retornou ao país após 15 anos na Europa, faz o jogador pensar em jogar futebol por mais tempo do que o contrato que tem com o Corinthians, de dois anos.
Aos 37 anos, ele ainda parece um garotinho quando fala do carinho que recebeu dos colombianos. ''É incrível. São esses momentos e os que estou com minha família que me dão força para continuar. O carinho de um povo tão distante do teu mostra que você fez um bom trabalho, teve uma carreira bonita'', disse o jogador.
Ele e Ronaldo enlouqueceram os colombianos. A chegada no aeroporto, terça-feira, teve problemas de segurança da polícia local, e uma multidão praticamente os esmagou quando entravam no ônibus. O boca a boca de que não o Corinthians, mas Ronaldo e Roberto Carlos estavam desembarcando em Bogotá, fez com que mais de 100 pessoas se aglomerassem em frente ao acanhado aeroporto El Dorado. ''Você sempre imagina uma recepção calorosa, mas aqui foi demais. Até brinquei com o Ronaldo no quarto que a gente está mais famoso por aqui do que a Shakira'', disse o lateral, se referindo à cantora colombiana de maior sucesso fora do país.
Com o perfeito espanhol que fala desde os tempos de Real Madrid, Roberto foi o escolhido pela assessoria de imprensa corintiana para falar com os jornalistas da Colômbia. Pelo menos 30 profissionais, de diversos meios de comunicação, se acotovelaram na beira do campo do estádio El Campín para tentar ouvir alguma palavra do camisa 6. Saíram satisfeitos, apesar do pouco tempo.
''O Roberto sempre me pareceu um sujeito mais simpático do que o Ronaldo'', disse Carlos Mendez, da Rádio Capital de Medellín. Maldade, já que Ronaldo fez questão de deixar a cortina de sua janela no ônibus corintianos aberta para que os colombianos que estavam no aeroporto tirassem fotos. Acenou por diversas, sorriu, e isso depois de uma viagem de seis horas de avião - que ainda teve um atraso de uma hora.
O único que não ficou satisfeito foi Juan PeÀa, 61 anos, que tinha um pôster de Ronaldo nas mãos e queria um autógrafo. ''Pensei que conseguiria chegar perto dele.'' O colombiano ficou até a madrugada desta quarta na frente do hotel corintiano. Quando viu que Ronaldo não sairia mais, desistiu. Foi embora andando, sozinho, com seu pôster na mão.