Rio de Janeiro - Foi uma das maiores viradas do Brasileirão de pontos corridos. O que o Palmeiras conseguiu diante do Botafogo no Nilton Santos, na quarta-feira (1°), pela 31ª rodada, é daqueles jogos inesquecíveis. Independentemente do desfecho do campeonato. Após levar 3 a 0 no intervalo, o Verdão conseguiu uma virada histórica para 4 a 3, com o último gol nos acréscimos.

Se o time de Abel Ferreira for campeão, será o jogo símbolo da reação. Se ainda assim der Botafogo, vai ser um título que terá a marca da superação após o que aconteceu nesse jogo. Do ponto de vista do Palmeiras, como definiu o treinador Abel Ferreira, foi "mágico".

Agora, apenas três pontos separam o líder do vice, mas há de se fazer a ressalva de que o Botafogo tem um jogo a menos (o duelo com o Fortaleza foi adiado) e duas vitórias a mais do que o Palmeiras (18 a 16).

No primeiro tempo, o Botafogo massacrou. Eduardo, 1 a 0. Tchê Tchê, um chutaço de fora da área, golaço, 2 a 0. E Júnior Santos, com espaço, aproveitando o rebote na área para fazer 3 a 0.

Na prática, o técnico alviverde Abel Ferreira usou de correções táticas e recados diretos. "Falei duas coisas: é impossível fazermos pior do que esta primeira parte, portanto, na segunda parte vamos fazer melhor, seguramente. E que era fundamental fazermos um gol para entrarmos no jogo", diz Abel.

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OUTRO JOGO

O Palmeiras voltou com o mesmo time. Mas Abel corrigiu o posicionamento. E o ímpeto da equipe foi outro. A partir dali, Endrick chamou a responsabilidade. Fez um golaço, passando voando pelos marcadores alvinegros. O relógio não tinha nem batido cinco minutos do segundo tempo.

O gol era justamente o que Abel pediu. A lógica da pressão se inverteu. Até que veio um lance crucial, aos 28 minutos do segundo tempo. Adryelson perdeu o tempo de bola numa disputa com Breno Lopes na ponta esquerda. Em um primeiro momento, o árbitro Braulio da Silva Machado marcou a falta, mas não deu cartão. Abel Ferreira enlouqueceu à beira do campo, até que a voz do VAR chegou aos ouvidos de Braulio. Adryelson foi expulso. A irritação pulou para o lado do Botafogo, enquanto a torcida gritava "vergonha". "São contingências do jogo. Ajudou-nos e muito", resumiu o português.

Mas a pegadinha psicológica, com 3 a 1 no placar àquela altura, foi o pênalti marcado logo em seguida para o Botafogo. Weverton defendeu. Com um a mais e o balde de água fria que o Ttime carioca levou, o Palmeiras viu que haveria ainda mais espaço. Aos 38 minutos do segundo tempo, Endrick apareceu de novo e diminuiu para 3 a 2.

A virada começou a ficar mais palpável. O Palmeiras circulava a bola e o empate veio cinco minutos depois, com Flaco López, livre na pequena área. O silêncio tomou conta da arquibancada. Até que a virada se materializou em mais uma bola cruzada, com falha defensiva do Botafogo, e o toque de Murilo para o fundo da rede. No nono minuto de acréscimo.

Procurador do STJD diz que Textor será denunciado por declarações pós-jogo

Rio Claro, SP - Ronaldo Piacente, procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), participou do De Primeira e comentou as declarações de John Textor após a derrota do Botafogo para o Palmeiras. Ele revelou que o dono da SAF do Botafogo deve ser denunciado e pode ser suspenso por até 90 dias. Em entrevista à TV Globo após o jogo, Textor disse: "Isso é corrupção, é roubo. Por favor, me multe, Ednaldo (Rodrigues, presidente da CBF), mas renuncie", afirmou.

"A procuradoria está ciente dos fatos, todas as declarações feitas pelo (John) Textor, vamos analisar, mas a princípio haverá denúncia sim. Há uma previsão no código que é ofender a honra de pessoas relacionadas ao desporto e a pena chega a suspensão de 15 a 90 dias e também aplicar uma multa de 100 a 100 mil reais. Isso aconteceu ontem, mas uma equipe da procuradoria já está preparando essa denúncia", disse o procurador-geral.

"O clube não ganha em campo e está virando uma constante atribuir a culpa ao árbitro ou no VAR, que é o árbitro de vídeo. Não creio que a credibilidade do campeonato está maculada, o que vejo é que há várias reclamações sem sentido. Nesse caso que o Textor comenta sobre corrupção, que beneficiou o Palmeiras em relação à expulsão, mas temos que lembrar que ele marcou uma penalidade máxima a favor do Botafogo. Fica meio incoerente. As pessoas têm que tomar consciência que precisa ganhar o futebol dentro de campo", completou.

Se Textor for condenado, como cumprirá a pena?

"Tivemos uma questão idêntica do presidente do Goiás, que também disse as mesmas palavras em relação a CBF, presidente, comissão de arbitragem e ele foi suspenso por 90 dias. Ele fica proibido de participar de qualquer ato que o clube participe: treinamento, ir no vestiário, entrar em campo. Ele não pode. Como gestor ele precisa administrar o clube, então ele precisa fazer um pagamento, uma transferência, então na questão administrativa, como são atos prerrogativas a aquele determinado dirigente, esses atos ele pode praticar, mas ele não pode tudo que estiver relacionado ao campo de jogo".