Alguns atletas costumam dizer que o segundo nada mais é que o primeiro dos perdedores, relembrando a frase que ficou conhecida pelas palavras do mito da Fórmula 1 Ayrton Senna. No esporte brasileiro, é comum as pessoas valorizarem apenas o campeão e esquecerem o segundo colocado.
Mas para o time de futsal feminino do Colégio Nobel/Londrina não é bem assim. O vice-campeonato conquistado na Taça Brasil Sub-17, no último final de semana, em Igarassú (PE), valeu como um título e vai ficar muito tempo na memória das meninas que vestiram a camisa da equipe no torneio.
Desde que o time adulto encerrou suas atividades há dois anos, a equipe mantém apenas as categorias de base, mas as dificuldades financeiras insistem em fazer parte da rotina das jogadoras. Não fosse a ajuda da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), que bancou oito passagens aéreas – ida e volta – e parte da hospedagem, a equipe não teria condições de ter participado da 5 edição do torneio. Para se enquadrar no orçamento reduzido, a técnica Jayne Borin levou apenas oito jogadoras enquanto a maioria contava com pelo menos 12.
"Quando terminou o jogo final parecia que nós éramos as campeãs", relembra a treinadora, que também atribuiu a boa campanha ao "fator sorte" e ao espírito guerreiro de suas jogadoras. "Tudo conspirou a nosso favor. Não perdemos jogadoras machucadas, nem suspensas e, em quadra, as meninas mostraram muita raça e determinação", valorizou.
Na campanha do vice, a equipe londrinense perdeu apenas dois de seus seis jogos, justamente para o Blumenau, que acabou como campeão do torneio. Depois de passar à segunda fase no segundo lugar do grupo, as londrinenses passaram pelo atual vice-campeão, o Ismac (PA), nas semis, por 3 a 1, e só foram paradas na final pelo Blumenau, que venceu por 6 a 2. "Até conseguimos fazer um jogo equilibrado no primeiro tempo, perdemos por 2 a 1, mas no segundo tempo a condição física pegou e não deu para acompanhar", lembra a treinadora.
A ala Jéssica, um dos destaques da equipe, espera que o resultado possa significar dias melhores para ela e suas companheiras. "Seria muito bom se a gente tivesse mais apoio", disse a atleta. No entanto, logo na volta a Londrina, as notícias não foram nada boas. A equipe foi surpreendida pelo corte de 25% na verba que vem da Prefeitura e terá que se "virar nos 30" para sobreviver até o final do ano. "Ainda nem sei o que vou fazer. Vou ter que correr atrás de um patrocinador para poder honrar com os compromissos até o final do ano", finalizou Jayne.