Imagem ilustrativa da imagem #forçachape - Adeus, Paredão
| Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli
Sobre o caixão, a bandeira do Tubarão, a camisa do Cianorte, as luvas e as lágrimas de quem sofre com a saudade


"Quando o adeus deixa tanta saudade, é sinal de que o que foi vivido será inesquecível". A dedicatória da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, com a foto do goleiro Danilo Padilha, exposta ontem durante o velório do atleta, em Cianorte (Noroeste), não deixa dúvidas sobre o legado deixado por ele e toda a equipe da Chapecoense, após o trágico acidente na madrugada da última terça-feira, na Colômbia, que matou 71 pessoas na viagem para a disputa da final da Copa Sul-Americana.

Mais de dez mil pessoas passaram pelo Centro de Eventos Carlos Yoshito Mori para homenageá-lo - nem que fosse por um pequeno instante. Sobre o caixão, a bandeira do Londrina Esporte Clube, a camisa do Cianorte, as luvas e uma placa em homenagem ao herói paranaense. Familiares, amigos, ex-companheiros dos clubes por onde passou e, claro, diversos torcedores com as camisas do Londrina, Chapecoense e Cianorte ainda tentavam entender a tragédia, em meio as dezenas de coroas de flores que circundavam o local. Danilo, de fato, era especial. Depois de mais de dez horas de velório, o corpo seguiu em uma carreata com o carro do Corpo de Bombeiros até o cemitério da cidade.

Torcedores do Tubarão viajaram até o velório ainda na noite de sábado, logo que souberam que o corpo deixava Chapecó, após a homenagem na Arena Condá que emocionou o Brasil. O comerciante Wagner Cândido chegou em Cianorte logo depois da meia noite de domingo à espera do "Paredão", que fechou a meta londrinense entre 2011 e 2013 (veja o info na página 6). "Sou apaixonado pelo Londrina e precisava fazer esta homenagem. O time ressurgiu com ele, não apenas como jogador, mas como um pai, amigo, esposo... A humildade do Danilo era muito grande e, vendo a família dele aqui, entendo o porquê. Nunca vou me esquecer do jogo quando o time retornou à primeira divisão do Paranaense", relembrando a atuação do goleiro contra o Nacional de Rolândia, quando fez três grandes defesas e garantiu o acesso.

A torcida organizada Falange Azul também esteve no velório com bandeiras em homenagem ao goleiro. Todos com a tristeza estampada nos olhos. O auxiliar administrativo Rafael Costa também recordou do jogo contra o Nacional. "Ele foi até nós, subiu o alambrado e comemorou muito com a gente. Sem dúvida, é um atleta que já está marcado na história do Londrina". O representante comercial, Marcos Leandro de Oliveira, destacou que o goleiro é um dos maiores nomes da "era SM". "Muitos jogadores são importantes, mas o Danilo fez história debaixo das traves do Londrina. Ele iniciou esta nova safra de bons goleiros".

O diretor do Cianorte, Adir Kist, era o goleiro titular do Leão do Vale em 2005, ano histórico graças a goleada por 3 a 0 contra o Corinthians pela Copa do Brasil. Danilo era o reserva de Adir. "Conheci o Danilo quando ele subiu para o profissional. Eu ajudei ele a sonhar e acreditar que era possível, por toda a qualidade que tinha. Era uma pessoa maravilhosa e hoje virou um ídolo do Brasil. Esta é uma perda sem precedentes e espero que Deus conforte toda a família neste momento".

Amigos do goleiro, que jogaram com ele nas categorias de base, fizeram camisetas em homenagem ao atleta. "No jogo que a Chapecoense venceu o São Paulo por 2 a 0, fiquei quatro dias na casa dele e vi como todos o amavam na cidade. Mesmo depois de ter se tornado um ídolo em Chapecó, continuou com a mesma humildade, sempre atencioso e companheiro", complementou, com a voz embargada, o colega Igor Tagushi. Obrigado, Danilo.

LUCAS GOMES
O corpo do atacante Lucas Gomes, atleta do LEC emprestado à Chapecoense, chegou na tarde de ontem na capital paraense, Belém, e foi levado para o município de Bragança, onde será sepultado nesta segunda-feira.