Time londrinense disputa em outubro o Campeonato Brasileiro e no fim do ano ainda decide o título da Copa Quatro Estações
Time londrinense disputa em outubro o Campeonato Brasileiro e no fim do ano ainda decide o título da Copa Quatro Estações | Foto: Fábio Alcover



Imagine um jogo que exige silêncio total. Até o som de um pássaro cantando pode ser motivo para interromper a partida. Assim é o goalball, o único jogo desenvolvido especificamente para pessoas com deficiência visual. Todos as outras modalidades praticadas nas Paralimpíadas são adaptadas.
Se foi no Rio de Janeiro, onde a seleção brasileira conquistou a medalha de bronze, que muitos brasileiros tiveram contato com o goalball pela primeira vez, em Londrina há quem pratique o esporte há bastante tempo, inclusive com expressivos resultados.
Tanto que neste final de semana a cidade sediou a segunda etapa da Copa Quatro Estações, que reúne atletas de toda a Região Sul. Foram oito equipes, sendo seis masculinas e duas femininas. O time de Londrina, campeão da primeira etapa realizada em Florianópolis no mês de agosto, terminou a competição em 3º lugar. Maringá e Florianópolis ficaram em primeiro e segundo lugar, respectivamente. As três equipes chegam na briga pelo título na última etapa, que será disputada em dezembro em Porto Alegre.
"Somos hoje a melhor equipe do Paraná e agora nossa ideia é criar uma liga independente, já que atualmente há apenas dois campeonatos realizados em conjunto com a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais. Com uma liga independente teríamos mais jogos, mais oportunidade para o pessoal jogar", explica o técnico da equipe do Londrina, Márcio Rafael da Silva, que prepara o time para a disputa do Brasileiro, em Jundiaí (SP), em outubro.
Entre os jogadores, o esporte significa muito mais do que uma chance de se exercitar. "Comecei no goalball quando ainda tinha baixa visão. Vim de Foz do Iguaçu para Londrina, conheci o Instituto Roberto Miranda e depois de oito meses entrei par o time. Eu não gostava de esporte, mas o técnico insistiu comigo e acabei gostando. Já participei de vários campeonatos, fiz muitas amizades e conheci diversos lugares", conta Jonathan Rodrigo Inácio, que está há quatro anos no time de Londrina.
Bastante democrático, o goalball é uma modalidade que recebe atletas das mais variadas idades. Aos 47 anos, Paulo Roberto Homem, de Florianópolis, tem em seu currículo a Paralimpíada de Pequim, em 2008. Ele conta que sempre gostou de esportes e praticava surf, mas conforme sua visão foi diminuindo, precisou buscar outras modalidades.
"Comecei com o atletismo, sempre tive a intenção de representar o Brasil em competições internacionais, mas acabei me machucando e tive que parar de correr. Ai veio o convite para o goalball. Comecei a competir, fui me destacando, acabei sendo convocado para a seleção brasileira e realizando meu sonho na maior competição esportiva", afirma.

Entenda o goalball

- O goalball foi criado em 1946, pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar e socializar os veteranos da Segunda Guerra Mundial que ficaram cegos. Em 2004, Brasil fez sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos, em Atenas, com a equipe feminina.

- Uma partida de Goalball acontece entre em duas equipes com três atletas cada, com o objetivo de fazer gols. Durante o jogo os atletas têm a função de arremessar e defender. A bola arremessada deve tocar em determinadas áreas da quadra para que o lance seja considerado válido.

- A bola usada para a prática do esporte é parecida com a de basquete. Ela pesa 1,250kg e possui guizos em seu interior para que os jogadores saibam a sua direção.

- O Goalball é um esporte baseado na percepção tátil e, principalmente auditiva, por isso não pode haver barulho enquanto a bola está em jogo.

- Todos jogam vendados para ficarem em igualdade durante a partida.

Fonte: Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV)