Nas próximas semanas estão previstas, na Assembleia Legislativa do Paraná, as votações de dois projetos de lei que podem colocar fim, no estado, à discussão sobre a proibição ou liberação da venda e consumo de bebidas alcoólicas durante jogos da Copa do Mundo de 2014, que serão realizados na Arena da Baixada, em Curitiba.
Até o início do ano, a decisão estava nas mãos do Congresso Nacional que já havia suspendido algumas cláusulas do Estatuto do Torcedor, como a que barra as bebidas dos estádios de futebol, mas a responsabilidade por definir o rumo dessa polêmica acabou sendo transferida aos estados.
No Paraná, a reação do Poder Legislativo apareceu, primeiramente, contrária a liberação do álcool, com o projeto de lei proposto pelo deputado Leonaldo Paranhos (PSC).
Convicto de que bebidas alcoólicas não podem estar associados ao esporte e de que em grandes eventos podem provocar problemas como violência entre torcedores, Paranhos elaborou um projeto que restringe esse tipo de produto não apenas durante a Copa do Mundo, mas em qualquer outro evento esportivo no Paraná. ''O álcool não contribui em nada em nenhum lugar, muito menos consigo associar ele ao esporte. Nós tivemos a diminuição de cerca de 70% dos incidentes em estádios devido à proibição de bebidas'', argumenta.
Mas a resposta dentro da Assembleia veio dias depois com a proposição de um projeto contrário, elaborado pelo deputado Stephanes Júnior (PMDB). Ele diz ser contrário à proibição do álcool por convicção, mas, além disso, considera o projeto de Paranhos radical por ampliar a regulamentação para qualquer ambiente e evento esportivo do estado. ''Esse tipo de situação, na minha opinião, fere a liberdade das pessoas e também não vejo violência em ter liberada a bebida. Porque 99,9% das pessoas que consomem alguma coisa não fazem nada de errado e se tem alguém que faz deve ser punido'', afirma.
Além da discordância com a proibição, o deputado acredita ser fundamental manter o compromisso assumido pelo Governo Federal com a Fifa de liberar as bebidas nos estádios durante a Copa, mesmo que o Congresso tenha repassado a decisão para os estados. ''Foi errado isso daí (passar a decisão aos estados). O ex-presidente Lula assinou um documento no qual o Brasil se comprometia a garantir toda a infraestrutura para a Copa do Mundo, desde reformar seus estádios, garantir acessibilidade para portadores de deficiência física, de garantir transporte coletivo, estacionamento para as pessoas, telecomunicações, segurança e também a venda de bebidas. Eu acho que o Brasil tem que honrar com o que acordou'', ressalta.
Paranhos rebate esse argumento dizendo que o Governo Federal errou ao assinar o termo de compromisso com a Fifa, já que havia uma lei proibindo as bebidas alcoólicas nos estádios e de que o Poder Executivo se comprometeu com algo que não era de sua competência, mas sim do Poder Legislativo. ''Outra coisa, em 2007 quando o Brasil assinou esse termo, o regimento interno da Fifa dizia que era proibido a comercialização e o consumo de álcool nos jogos realizados pela Fifa. Aí, em 2009, a Fifa acaba assinando um contrato de publicidade com uma empresa de cerveja e eles mudam o regimento interno e aí passam o rolo compressor ao Brasil, que era o próximo país-sede da Copa''.