Rio - Aos 70 anos, Carlos Arthur Nuzman nunca esteve tão questionado à frente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Candidato único à eleição para o próximo quadriênio (2013-2016), o advogado vai confirmar hoje o seu quinto mandato como presidente da entidade maior do esporte olímpico do Brasil. Com a imagem arranhada pelo primeiro escândalo na organização dos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016 - o furto de documentos do comitê Londres 2012 -, Nuzman tem somente um opositor entre os 30 presidentes de confederações.
Por isso, não deve ser eleito por aclamação. O único a não apoiar formalmente a candidatura única foi Eric Maleson, da Confederação Brasileira de Desporto no Gelo (CBDG). Por irregularidades como a suspeita de desvio de verba, a entidade está sob intervenção da Justiça do Rio de Janeiro desde o ano passado. Depois de um afastamento preventivo, a juíza Adriana Costa dos Santos permitiu que Maleson voltasse à presidência e, com isso, ele tem direito a voto. O interventor designado para fazer uma auditoria na CBDG também continua na entidade.
Maleson alega ter apresentado a sua candidatura em 30 de abril - pelo estatuto do COB, o último dia para inscrição de chapas. Mas não conseguiu o apoio formal mínimo de dez membros com direito a voto, exigência do regimento interno de assembleias do COB.
Em meio à crise provocada pelo furto de documentos, a demissão de funcionários do comitê Rio 2016 e depois do resultado frustrante para o governo federal, que aumentou substancialmente o repasse de recursos, nos Jogos de Londres, Nuzman vê o ministério do Esporte aumentar a pressão contra a perpetuação de dirigentes à frente das confederações. Do Rio 2016, inclusive, Nuzman também é presidente - o único, na história dos Jogos Olímpicos, a ocupar os dois cargos. Para o comitê organizador dos Jogos, no entanto, não precisou de eleição; escolheu a si.