A folia de todo ano chegou. É carnaval. E o futebol continua. Em temporada apertada, de poucas datas, os Estaduais não dão o privilégio de deixar jogadores caírem na avenida. São tempos de jogos aos domingos de carnaval e na quarta de cinzas.

Futebol e carnaval sempre formaram uma boa dupla. Uma conexão que já foi mais vencedora. Ronaldinho mostrou ao mundo seu jeito moleque de jogar e de comemorar gols, sambando.

Nos passinhos irreverentes do famoso miudinho, R10 sorria e sapateava sobre adversários em gramados famosos, mesmo fora de época carnavalesca.

Nilton Santos, Pelé, Zico e Ronaldo já foram temas de escolas, e tantos outros homenageados.

A união sempre proporcionou golaços porque havia um público à espera de novidades a cada data de momo. Quem seria o craque do domingo de carnaval? Quem voltaria para o desfile das campeãs? Atletas do campo dando espetáculo nas avenidas eram imagens naturais. Não é mais.

O calendário pra lá de apertado colocou os Estaduais para jogar durante o carnaval, sem folga. É como se não existisse um país parado para ver os trios e as escolas passarem. O futebol conseguiu se isolar de tudo aquilo que o país vive: a grande festa. Quem perde? Quem ganha?

Não consigo dimensionar, mas é uma concorrência desleal que o próprio futebol cria para si mesmo, pois com jogos fraquíssimos dos regionais o carnaval ganha de goleada.

E aí vem a velha discussão: mas é necessário repensar as datas. Não é possível, não. E não será porque os clubes se calam e as Federações fazem cara de que não se importam, e jogadores fazem de conta que se esforçam nos primeiros meses do ano. Esforçam-se, sim, os de times pequenos que precisam se garantir em visibilidade para um contrato longo para o resto da temporada.

No mais, a organização do futebol durante o carnaval continua sendo uma grande folia. E sem graça.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina