O futebol mundial perdeu parte viva de sua história. Mario Jorge Lobo Zagallo foi um dos maiores de todos os tempos. Dentro e fora de campo fez história positiva e construtiva de um esporte mundialmente amado. Zagallo foi ícone e ídolo.

A passagem deste supersticioso por este mundo construiu uma das mais belas histórias do futebol, daquelas que se precisa aprofundar um pouco para entender mais da importância, que vão além dos quatro títulos mundiais. Zagallo foi irmão, técnico, amigo, professor e “pai”, como disse um dos campeões do tetra, Ricardo Rocha. Títulos que não se tornaram populares para serem ratificados, mas foram absorvidos naturalmente por aqueles que desfrutaram de sua companhia e trabalho.

Tive o prazer de conversar com Zagallo. Foi apenas uma vez e por menos de cinco minutos, mas tempo suficiente para conhecer de perto toda educação e gentileza que sempre falaram. Simples, educado, gentil e sempre se colocando menor que suas conquistas. Zagallo foi uma das poucas pessoas que receberam do Universo o dom de multiplicar graças recebidas sem querer ser maior do que elas.

Temos muita dificuldade de revisitar a história. Àqueles que foram além da excelência damos lugares especiais e os esquecemos lá. Não deveria ser assim. Junto aos que estão fazendo a história agora deveriam estar presentes os que trouxeram a evolução até aqui. Se somos penta, não podemos esquecer que Zagallo esteve em quatro títulos. É muita coisa.

Há pouco mais de um ano morreu Pelé. Agora, Zagallo. Sim, diferentes e incomparáveis no campo da atuação, mas não menos na importância para o futebol. E quando olhamos para a atualidade, dá a impressão que não estamos construindo uma nova história que nos dará orgulho e personagens para se lembrar daqui algumas décadas, mas apenas que nossa história está morrendo aos poucos.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo - A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina