Imagem ilustrativa da imagem Você é um líder tóxico?
| Foto: FOLHA Arte



Tóxico é tudo aquilo que produz efeitos nocivos no organismo. Este termo, que até então não era relacionado ao universo corporativo, surge agora como um novo paradigma a ser encarado por líderes empresariais.

Todos devem fazer a autoanálise: eu sou um líder tóxico? Para ajudar na resposta, vale considerar o número de atestados médicos da empresa ou mesmo o clima diário entre as equipes.

Por mais que tudo pareça estar bem, há que se ter um olhar mais sensível. Esse é um dos conhecimentos que a especialista em management e neuroliderança, Alessandra Assad, propõe a todos os empresários.

O motivo? Em primeiro lugar, os números. Durante a palestra "Liderança Tóxica" realizada em Londrina na semana passada, Alessandra destacou que as doenças psicossociais são, hoje, a terceira causa de afastamento no ambiente de trabalho e a depressão, a segunda causa afastando em todo o mundo, cerca de sete pessoas a cada hora.

E foi a partir da própria experiência e do relato de outras pessoas, que Alessandra resolveu se aprofundar no tema. "Fiquei muitos anos traumatizada por uma demissão no início da carreira. Além disso, ouvi relatos como o de uma senhora que defecava toda vez que se aproximava da chefe. Então, liderança tóxica é aquela que gera toxinas no ar, capazes de trazer algum tipo de dor para as pessoas, seja ela física ou psicológica", explica.

Foram dois anos de pesquisa, conversando com liderados, líderes e médicos. Agora, Alessandra irá lançar em breve o livro "Liderança Tóxica", que esmiúça o universo da neuroliderança, onde o funcionamento do cérebro é tido como instrumento para melhores tomadas de decisões e estratégias para uma boa gestão de pessoas. "Eu não sou neurocientista, mas fui buscar apoio com especialistas para fazer esse link", diz.

Segundo a especialista, o líder tóxico pode ser reconhecido automaticamente, como é o caso dos líderes "tiranos", mas há ainda os de perfil silencioso e aqueles que ainda não perceberam.

"Por exemplo, um líder que por excesso de zelo acaba sendo tóxico porque sufoca uma pessoa. Então, não estamos só falando de assédio, mas também de uma promessa não cumprida, que é um dos maiores focos geradores de toxinas. E vale lembrar que muitas vezes, a toxicidade não está em você, mas no ambiente", comenta.

Alessandra ainda ressalta que ser tóxico independe do tamanho do negócio, ou seja, do número de funcionários. "Se a pessoa tiver sensibilidade, ela vai perceber que os colaboradores estão ficando doentes. Só que geralmente, o líder tóxico não vai perceber até que as pessoas cheguem e falem isso para ele, com exceção daquele que é mau e que por isso, faz de caso pensado", acrescenta.

Professora nos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Alessandra reconhece, no entanto, que a busca incessante por resultados no cotidiano das empresas faz com que muitas vezes, os gestores não consigam parar para pensar nas emoções que acontecem dentro do corporativo.

"Uma dor de cabeça é normal dentro do ambiente de trabalho, mas a questão é a resposta que o corpo dará para essa toxina, ou seja, transformando-a em algo contagiante ou em algo contagioso. Os líderes com boa fé hoje, não estão conseguindo transformar isso em algo contagiante por falta de gestão. A liderança tóxica está muito ligada ao exercício de poder", afirma.