"A gente é bastante otimista com o mercado", diz Pedro Canizares, que há um ano abriu um coworking em Londrina e já planeja expandir
"A gente é bastante otimista com o mercado", diz Pedro Canizares, que há um ano abriu um coworking em Londrina e já planeja expandir | Foto: Saulo Ohara


Foi há pouco mais de uma década que o termo coworking, que define os espaços profissionais compartilhados, surgiu nos Estados Unidos. De lá para cá, a onda que traz essa nova forma de enxergar e ocupar os ambientes de trabalho não parou mais.

No Brasil, já são mais de 800 espaços de coworking em funcionamento e o Paraná ocupa o terceiro lugar no ranking dos estados, com 69 instalações. Os dados são do Censo Coworking Brasil 2017 e revelam um aumento de 114% no setor em todo o País em relação ao ano passado. De 2015 para 2016, esse crescimento foi mais tímido, registrando 52%.

Com todo esse volume, a economia na área ultrapassou R$ 80 milhões, atraindo olhares de quem deseja investir em um negócio próprio. E o Paraná tem abrigado os maiores exemplos de empreendimentos em coworking, ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.

Para Bruna Lofego, que há dois anos tem se dedicado exclusivamente a estudar esse mercado e a ajudar as pessoas a montar um escritório compartilhado, o cenário atual é bastante favorável.

Além do desemprego, que levou muitos brasileiros a buscar o empreendedorismo, ela cita o fato das empresas considerarem cada vez mais a redução de custos fixos.

"Para se ter uma ideia, hoje você pode manter um escritório dentro de um coworking pagando R$ 2 mil mensais para usufruir de toda estrutura e serviços. Isso sem contar o networking que flui muito nesses espaços, gerando novos negócios, relacionamentos e ideias", pontua.

Segundo Lofego, associado a estes fatores está o movimento do colaborativismo. "Em um momento em que compartilhamos o transporte, o apartamento, porque não o escritório também?", reflete.

Rafael Toda e Keila Gonçalves apostaram em um ambiente que abrigasse também cozinha e auditório para eventos
Rafael Toda e Keila Gonçalves apostaram em um ambiente que abrigasse também cozinha e auditório para eventos | Foto: Ricardo Chicarelli



Em cinco anos, a especialista já abriu as portas de cinco espaços de coworking em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Com base nessa experiência, ela afirma que o tempo de amadurecimento do negócio é entre 12 a 15 meses. Nesse período, a média de ocupação chega a 80% e o empreendedor tem cerca de 25% de resultado líquido.

Pedro Canizares é arquiteto em Londrina e há um ano vem tocando um novo projeto, paralelamente. Ele é sócio-proprietário da Six Coworking, juntamente com os administradores de empresas William e Junior Ikehara.

A ideia partiu da experiência dos irmãos Ikehara nos ambientes de coworking internacionais, e após 10 meses o negócio ganhou maturidade. Hoje, eles contam com 70 usuários (coworkers), sendo 90% mensalistas.

"Muita gente ainda não sabe o que é e como funciona um coworking, mas a gente é bastante otimista com o mercado. Estamos estudando para o ano que vem a abertura de mais um espaço, muito provavelmente em Londrina", adianta Canizares.

No censo 2017, o planejamento a longo prazo também foi mensurado. Dos respondentes, 23% afirmaram ter iniciado projeto de expansão ou estão se programando para fazer isso em breve.

"Tenho visto surgir espaços para atender públicos específicos, como por exemplo, profissionais da gastronomia ou até mesmo de beleza e estética. Só que ao mesmo tempo que vem nascendo esses nichos, acredito também na ampliação dos ambientes pensando em atender todos os públicos. A tendência é polarizar", sustenta Lofego.

Os sócios Keila Regina Gonçalves e Rafael Massashi Toda, do Multiplique Espaço Profissional Compartilhado, estão olhando justamente nessa direção. Com um ano e seis meses no mercado londrinense, eles apostaram em um ambiente que abrigasse também uma cozinha e um auditório para a realização de eventos.

"Promovemos muitos eventos porque também é uma forma de divulgação. A gente vê que Londrina é um centro de serviços e, por isso, acreditamos que ela comporta novos espaços de coworking, o que é muito bom para fortalecer esse modelo", diz Toda.

Para fazer esse investimento, os sócios fizeram durante seis meses um estudo de mercado que incluiu conversas com outros empreendedores e potenciais clientes. Hoje, eles têm uma média de 35 usuários por dia.

"A ideia é tentar superar o desafio de unir mais as pessoas em espaços compartilhados. Esse ano já está sendo diferente, estamos criando um vínculo maior com os clientes. As pessoas estão assimilando melhor essa proposta", acrescenta Gonçalves.

Imagem ilustrativa da imagem Cenário favorável para coworking