Além de muitas vezes ter dificuldade para encontrar uma vaga condizente com suas qualificações, a pessoa com deficiência de locomoção enfrenta mais um obstáculo. "A maioria das empresas que buscam candidatos com deficiência para suas vagas não querem cadeirantes. Diariamente eu recebo pedidos de indicações de profissionais com deficiência, mas que não sejam cadeirantes", conta o presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Londrina (Adefil), Paulo Lima.
Ele próprio, cadeirante, graduado e pós-graduado, enfrenta dificuldades de recolocação no mercado de trabalho. "As empresas não querem ter que investir em acessibilidade, ter um banheiro adaptado, barras de apoio, batentes mais largos, rampas. Por isso excluem os cadeirantes de suas seleções", explica Lima.
A responsável pelo recrutamento de PCDs, Viviane Araújo, confirma que muitas empresas aplicam esse "filtro" em suas contratações. "Existe uma parcela de empresas que não considera em suas seleções as pessoas com a chamada deficiência total, que são os cadeirantes, as pessoas que não ouvem e as que não enxergam", conta.
Segundo ela, não se trata de preconceito, mas de limitações em termos de acessibilidade. "Algumas empresas consideram difícil fazer adequações de acessibilidade. São poucas as que conseguem absorver profissionais com esse tipo de deficiência", argumenta Viviane.
Para Lima, condições de acessibilidade são o único diferencial que o funcionário com deficiência precisa e deve ter no mercado de trabalho. "A pessoa com deficiência deve ocupar o cargo para o qual ela tenha qualificação. É errado dedicar a eles apenas vagas que exigem qualificação menor. As empresas devem fazer como os concursos públicos: o cargo é o mesmo para todo mundo, só existe uma reserva para pessoas com deficiência", pondera.(J.G.)