Apesar de ser sinônimo de riqueza e de ter lastreado as moedas do mundo até a década de 1970, o ouro é um tipo de investimento pouco utilizado, pelo menos no Brasil. É comum agentes do mercado financeiro torcerem o nariz para esta commodity. Entre as justificativas, alegam que investir em ouro, assim como em câmbio, é só para os profissionais. Mas, as corretoras que vendem o metal garantem tratar-se de puro preconceito. E dizem ter clientes de todos os perfis. Compra-se um grama de ouro por menos de R$ 140.

A BMF&Bovespa considera como vantagens o fato de o ouro ser um "valor durável", ter "liquidez internacional", e ser aceito como garantia, "com menor grau de deságio, para negociação de outros ativos". Além disso, o classifica como alternativa de investimento para épocas de crise financeira.

Pelo site da Ourominas, o cliente pode comprar barras do metal, que serão enviadas até sua residência. Ou receber um cartão e deixar o ativo custodiado em uma transportadora. O diretor da empresa, Mauriciano Cavalcanti, afirma atender tanto pessoas físicas como jurídicas. "O ouro é mais procurado em tempos de crise, tanto interna como externa", conta. Segundo ele, o medo de um banco quebrar ou de o governo fazer um confisco faz muita gente levar o metal para casa.

De acordo com Cavalcanti, nos Estados Unidos, devido à crise de 2008 e mais recentemente em função das incertezas provocadas pelo governo Donald Trump, o ouro vem ganhando espaço. Ele ressalta que o metal tem "liquidez imediata" como o dólar e é "muito seguro". O ativo, diz o diretor,deve compor uma carteira diversificada de investimentos. "Não se deve apostar tudo num produto só."

RENTABILIDADE

O gerente de Operações da Reserva Metais, Edson Magalhães, garante que a rentabilidade do ouro "tem batido" a dos principais ativos financeiros da Bolsa, "a despeito de toda descrença que a comunidade financeira e a imprensa" mantêm em relação ao metal. Ele alega que o ouro teve valorização devido ao aumento do dólar nos últimos anos e também por causa de uma "pequena alta" na cotação internacional, ditada pela Bolsa de Nova York. "Quem investiu em ouro ganhou 11,62% desde o começo do ano."

Magalhães declara que o ativo é "perfeito" para tempos de imprevisibilidade. "A incerteza é o combustível principal do ouro", diz. Ele também cita Donald Trump, além do terrorismo na Europa, como motivações para as pessoas comprarem ouro. "No front doméstico, nem precisa dizer", declara o gerente, referindo-se à crise política brasileira.

Questionado sobre a razão de o metal ser tão pouco usado, ele faz "mea culpa". "Nós não fazemos uma divulgação adequada. Até porque a demanda internacional por ouro supre as nossas expectativas. Sem querer parecer presunçoso, não preciso de cliente doméstico", justifica.

Na Reserva Metais, a venda do ouro é sempre física. Compra-se as barras pela internet e elas são entregues na casa do investidor em todo o País.

Em média, as corretoras cobram 1,5% de taxa na venda do metal. O ouro também pode ser comprado na Bolsa, mas a quantidade mínima lá são 250 gramas. Pela cotação da última quarta-feira (28), seriam quase R$ 33 mil.

CUIDADOS

Vencedor na categoria "Melhor assessor de investimentos" do Prêmio Expert 2017 da XP Investimentos, o catarinense Luís Pauli confirma que o ouro atrai atenção em momentos de crise. "Há inclusive alguns especialistas que defendem a tese do ouro como um seguro ao patrimônio do investidor", diz ele, ressalvando que é necessário levar em consideração que o preço do metal oscila devido a vários fatores. "O ouro tem seu valor precificado devido à demanda e à extração nos garimpos. Além disso, é influenciado também por variáveis econômicas como inflação e dólar."

Segundo o assessor, "parece interessante", principalmente para "quem tem posição em Ibovespa", dedicar uma "pequena porcentagem" dos recursos ao metal. "É importante que o investidor estude a respeito do ativo antes de montar uma posição", aconselha.

Imagem ilustrativa da imagem Vale ouro