Curitiba As transportadoras do Paraná esperam aumentar o faturamento em 7% no ano que vem, impulsionadas pelo crescimento de pelo menos 10% da safra paranaense 2002/2003. O que deve aumentar também é o valor do frete, já que não há caminhões suficientes para fazer o escoamento da safra e a malha ferroviária que atende a produção agrícola já está perto do seu limite.
Segundo dados da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), as empresas do setor devem fechar 2002 com um faturamento apenas 2% superior ao do ano passado, de R$ 3 bilhões. Para 2003, o negócio de transportes devem render R$ 3,27 bilhões no Paraná. O presidente da Fetranspar, Luiz Anselmo Trombini, ressaltou que esse desempenho depende muito do crescimento da agricultura e da economia brasileira como um todo.
A previsão da safra 2002/2003 no Paraná é de 25 milhões de toneladas, segundo o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). O Estado responde por 23% da produção nacional, que também deve aumentar cerca de 10%, atingindo 106,6 milhões de toneladas. O problema será o escoamento dessa safra. ''Hoje falta caminhão no Brasil, e nossa frota está com idade média de 14 anos'', disse Trombini. Segundo ele, a idade média ideal é 7 anos. ''Precisamos linha de crédito diferenciada para renovação, seja para autônomos, seja para transportadora'', afirmou.
Não há estimativas do déficit de caminhões, que carregam cerca de 60% a 70% da safra agrícola nacional, segundo a Fetranspar. Mas Trombini disse que o aumento de até 50% no valor do frete durante o pique de safra neste ano comprova isso. Há cerca de 350 mil veículos de carga no Paraná e aproximadamente 80 mil caminhões de autônomos.
A Fetranspar estima que as transportadoras ferroviárias já estão trabalhando no limite, e por isso os caminhões vão continuar com a grande fatia do escoamento. A América Latina Logística (ALL), empresa que opera a maior parte da malha ferroviária do Estado, informou que transporta 45% das cargas movimentadas no Porto de Paranaguá, percentual que se mantém estável desde o ano passado.
A situação precária das rodovias no Brasil é hoje um dos principais problemas das transportadoras, de acordo com Trombini. Os recursos arrecadados com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide na gasolina (R$ 0,50) e no diesel (R$ 0,16), deveriam ser investidos nas rodovias. Segundo Trombini, dos cerca de R$ 7 bilhões arrecadados neste ano, nada foi aplicado na área.