São Paulo - Trabalhadores da fábrica de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) decidiram ontem manter a mobilização contra cerca de 2 mil demissões planejadas pela montadora, em meio à queda de 32% nas vendas de veículos comerciais no país no acumulado de janeiro a julho. Os funcionários da fábrica fizeram passeata em torno da unidade e interromperam tráfego em duas pistas da rodovia Anchieta, onde está instalada a planta da Mercedes-Benz, pelo segundo dia consecutivo.
A empresa não divulga o tamanho do corte. Em junho, porém, um executivo da Daimler, dona da marca Mercedes-Benz, havia anunciado em reunião com investidores na Alemanha a intenção de encerrar 2 mil postos na unidade brasileira. Uma reunião chamada pela montadora com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC terminou na noite de quarta-feira sem acordo.
A montadora informou aos representantes sindicais que não tem alternativas às demissões e não recebeu autorização da matriz alemã para iniciar negociações, afirmou a entidade.
A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo tem aproximadamente 10 mil trabalhadores - dos quais 6,6 mil estão na produção. A unidade está parada desde o início da semana, depois que a companhia deu licença remunerada aos trabalhadores em meio ao plano de demissões, afirmou o sindicato. A rescisão será efetivada no início do mês que vem.
Como a Mercedes-Benz aderiu ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), a lei garante estabilidade aos funcionários até 31 de agosto. Uma das propostas dos trabalhadores é a renovação do PPE, diz Nobre. A montadora, por meio de sua assessoria, nega que existam negociações em andamento.

CRISE
Desde 2013, a Mercedes-Benz vem adotando medidas para reduzir seu quadro de funcionários na fábrica de São Bernardo do Campo, que produz caminhões e ônibus. Até o final do passado, 3,2 mil vagas foram cortadas no Brasil, de acordo com o balanço de resultados mais recente da Daimler. De janeiro a junho deste ano, a despesa da empresa com demissões foi de 33 milhões de euros. A expectativa é que o gasto chegue a 100 milhões de euros até dezembro, segundo o documento.
Além de ter aderido ao PPE, diminuindo jornada e salários, a empresa realizou layoffs (suspensão temporária do contrato de trabalho) e programas de demissão voluntária (PDVs). O último PDV, que ocorreu entre 1º de junho e 25 de julho, teve a adesão de 630 funcionários.
A montadora atribui a medida à queda na demanda em razão da desaceleração econômica, o que obrigou a empresa a diminuir a produção.