Curitiba - O consumo de eletricidade cresceu apenas 0,2% no Brasil em julho e a queda mais acentuada foi na indústria que teve um recuo de 6,9%. Os dados fazem parte da Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que apontou como principais causas para a queda na indústria o cenário externo desfavorável, a redução na demanda doméstica e a influência da Copa do Mundo no funcionamento das indústrias, com o menor número de horas trabalhadas. Na Região Sul, a queda no consumo de energia na indústria foi de -1,9%.
O professor do curso de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Curado, lembrou que a indústria vem em um processo de retração. Para ele, os dados da EPE reforçam uma realidade já mostrada por outros indicadores e são mais ‘’uma evidência que o País está em recessão técnica’’. ‘’A indústria é o setor que vem sofrendo isso de maneira mais forte’’, disse.
A indústria metalúrgica é uma das mais afetadas, com destaque para o estado de São Paulo, onde o segmento registrou queda de 37% em julho. A indústria automotiva consumiu menos 17,7% de energia, resultado da diminuição de 21% na produção de veículos. Para o presidente do Sindimetal do Norte do Paraná, Valter Luiz Orsi, o setor metalúrgico sofre muita concorrência externa. Segundo ele, as empresas tiveram que antecipar férias e dispensar funcionários e isso está diretamente ligado ao consumo de energia. ‘’Não temos expectativa de reverter este quadro a curto prazo’’, disse.
Para o presidente da comercializadora de energia Trade Energy, Walfrido Ávila, os resultados do consumo de energia da indústria mostram que o Brasil está ficando menos competitivo. ‘’O consumo da indústria é reflexo da economia’’, disse. Ele acredita que as vendas de Natal devem trazer leve crescimento para o consumo de energia na indústria. Ávila acredita que o consumo de energia na indústria da região Sul caiu menos que no cenário nacional em função dos resultados da safra agrícola que influencia a indústria que é muito ligada à agricultura.
O período de agosto a novembro é o que a indústria produz mais, segundo o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher. Mesmo assim, o consumo de energia do setor deve ficar negativo neste ano. Em julho, a redução da atividade da economia e a demanda menor no mercado interno, fizeram a indústria consumir menos energia, de acordo com ele. Segundo ele, a redução drástica de vagas no segmento no País neste ano trouxe impacto no emprego, no Produto Interno Bruto (PIB) e no consumo de energia.
Já o consumo residencial cresceu 5,8% no País em julho. Segundo a EPE, o consumo de eletricidade nas residências deverá aumentar 5,7% em 2014 sobre o ano anterior. O economista Marcelo Curado acredita que o consumo residencial pode começar a cair com o aumento das tarifas. Ele prevê que as famílias vão restringir o consumo ao longo do tempo. Para ele, a previsão da EPE para este ano é um pouco otimista.
Para o período entre 2014 e 2018, a EPE projeta crescimento médio no consumo de energia de 3,9% ao ano, principalmente pelos setores residencial e comercial, que deverão apresentar alta entre 4% e 4,5% ao ano.

Imagem ilustrativa da imagem Setor industrial puxa queda no consumo de energia