Imagem ilustrativa da imagem Segundo indicador do BC, economia se estabilizou


A julgar pelo Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) de abril, divulgado nesta sexta-feira (16), a economia brasileira está em processo de estabilização. Nos quatro primeiros meses de 2017, o indicador com ajustes sazonais apresentou variações comportadas, sendo que em fevereiro, março e abril ele se manteve na casa dos 134 pontos.
Após as revisões, o IBC-Br ajustado de janeiro ficou em 133,15 pontos, o de fevereiro marcou 134,93 pontos, o de março atingiu 134,39 pontos, e o de abril foi de 134,76 pontos. Embora estável, o índice está longe do patamar apresentado em janeiro de 2015 (145,22 pontos).
Em suas comunicações mais recentes, o BC vem destacando que a atividade passa por um período "compatível com estabilização da economia brasileira no curto prazo e recuperação gradual ao longo do ano".
Somente no próximo mês, quando será divulgado o IBC-BR de maio, é que será possível checar se as delações de executivos da JBS, que foram reveladas em maio e abriram uma forte crise política no País, influenciaram na atividade. O BC vem defendendo que será preciso monitorar o efeito da crise política sobre a própria atividade, já que eventuais dificuldades no andamento das reformas podem prejudicar a recuperação econômica.

Escaldados
O economista, professor universitário, consultor da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci, afirma que é preciso esperar os indicadores dos próximos meses para saber se a nova crise política terá repercussão na economia real. "Os efeitos de determinado fato sobre a economia sempre aparecem seis, oito meses depois", alega.
Mas Rambalducci se mostra otimista. "Aparentemente, os empresários já estão escaldados, procurando olhar mais para dentro de seu negócio, do que para as sinalizações que vêm de fora. Estão chegando à conclusão de que é preciso tocar a vida, independentemente do cenário político", afirma.
Para Rambalducci, a economia parou de piorar. Ele ressalta que o próprio Banco Central está otimista quanto ao desempenho do País. "Antes do escândalo, a expectativa era de que os juros seriam reduzidos em 1,5 ponto porcentual. Mesmo após as delações, houve um corte importante de um ponto", justifica.

Sem comemorar
O também economista e professor universitário Mauro Massaro é mais comedido. Para ele, nada indica que a economia não voltará a cair. "Deixar de piorar é ficar no fim do poço. E não temos motivos para acreditar numa estabilidade. Há muita expectativa em torno disso. Mas uma estabilização real só pode ser considerada com algum crescimento na taxa de emprego", alega.
Ele destaca que a economia é muito "colada" à política. "E a gente vê todos os dias um fato novo neste País. Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã."
Ronaldo Antunes, presidente do Sindicato dos Economistas (Sindecon Londrina), também é cauteloso. "O que me parece é que o pessoal está querendo comemorar o fundo do poço. Acho difícil comemorar alguns meses de estabilidade depois de um período tão longo de queda. Ainda não dá para pensar que não vai piorar mais", ressalta.
Ele lembra que a estabilidade do indicador do Banco Central se deu num contexto de safra agrícola recorde, "fora dos padrões". "Não dá para comemorar. O cenário político não permite." Com Fabrício de Castro - Agência Estado