Imagem ilustrativa da imagem Redução de postos de trabalho aumenta desocupação no Paraná



O Paraná atingiu a maior taxa de desocupação entre as pessoas em idade para trabalhar no segundo trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior, desde que o índice começou a ser calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua foram divulgados ontem. De acordo com o levantamento, 11,3% dos brasileiros em idade para trabalhar estavam parados no segundo trimestre deste ano.
A Pnad Contínua passou a ser medida no primeiro trimestre de 2012 e levanta informações em curto prazo sobre o mercado de trabalho brasileiro. A taxa de desocupação nacional também foi a maior da série histórica, o que se repetiu nas cinco grandes regiões do País e em 20 das 27 Unidades da Federação.
Ainda de acordo com o levantamento, o Paraná teve a quinta menor taxa de desocupação no segundo trimestre (8,2%). Entretanto, no mesmo período do ano passado, esse percentual era de 6,2%. As menores taxas do segundo semestre de 2016 foram identificadas em Santa Catarina (6,7%), Mato Grosso do Sul (7,0%) e Rondônia (7,8%) e as maiores em Amapá (15,8%); Bahia (15,4%) e Pernambuco (14,0%).
Por outro lado, o nível de ocupação (parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar) ficou em 54,6% para o Brasil no segundo trimestre de 2016. Neste quesito, o Paraná também ficou melhor que a média nacional (com 59,2%), mas foi a menor taxa de ocupação trimestral da série histórica.
Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cismar Azeredo, isso ocorre porque a população paranaense em idade para trabalhar aumentou 1,4% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior, mas o volume de pessoas ocupadas não acompanha essa alta – a variação foi de 0,3% positivo. "O normal seria (o número de ocupados) acompanhar o aumento da população, mas não é isso que acontece. E isso se repete em quase todo o País", afirma.
O especialista também chama a atenção para o cenário das indústrias no Paraná, que tinham 82 mil pessoas a menos no segundo trimestre deste ano em comparação ao ano passado – a retração calculada pelo IBGE foi de 8,8%. Enquanto isso, pessoas trabalhando na área de alimentação e alojamento subiu 24,5%, quanto comparado com o segundo trimestre de 2015. "Isso pode ter a ver com a informalidade. As pessoas perderam emprego com carteira assinada e procuraram esse ramo", supõe.
O economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Fabiano Camargo da Silva afirma que a expressiva redução de postos de trabalho em diversas regiões e o aumento de pessoas ingressando no mercado de trabalho pressionam os índices de desocupação para cima. "Com mais gente desempregada e renda mais apertada, filhos que estariam apenas estudando podem se ver obrigados a buscar emprego antes do que a família pretendia", exemplifica.
Ele ressalta, entretanto, que há diferenças setoriais: exportações, por exemplo estão em alta. Além disso, ele recorda que a expectativa para o segundo semestre é de melhora para as indústrias, freando as demissões.