Imagem ilustrativa da imagem Quase 50% dos brasileiros não paga dívidas



Mais de 46% dos brasileiros endividados não têm condições financeiras de quitarem suas dívidas, aponta pesquisa nacional do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgada ontem. De acordo com o levantamento "Perfil do Inadimplente Brasileiro", seis a cada dez entrevistados também avaliam que a situação financeira piorou este ano em relação a 2015 e apenas um em cada cinco tem intenção – e condições - de pagar as dívidas em até 90 dias.
O levantamento apura o processo de endividamento do brasileiro, ao criar um mapa dos devedores e das dívidas, busca compreender o que levou à impossibilidade de quitar seus débitos e as reais intenções de pagar os compromissos assumidos. O estudo também faz comparações com anos anteriores e identifica a reincidência dos nomes nos sistemas de proteção de crédito.
O levantamento aponta que o valor médio da dívida caiu 39,3% em relação ao ano passado, chegando a uma média de R$ 3.543. A retração, entretanto, não significa que a capacidade de quitar débitos melhorou, mas um reflexo do aumento do desemprego e da inflação, além da restrição de disponibilização de crédito, segundo o presidente da SPC, Roque Pellizzaro.
O motivo que impede a quitação de débitos mais citado pelos consumidores ainda é a perda de emprego: 28,2%, aumentando para 33,1% entre os homens e 29,4% entre os entrevistados das classes C, D e E. Também foram apontados como causa a diminuição de renda, citado por 14,8% em 2016 contra 10,5% em 2015; a falta de controle financeiro ou de planejamento no orçamento; indicado por 9,6% este ano contra 21,0% no ano passado; e o empréstimo do nome para compras feitas por terceiros, alegado por 9,3% - o índice aumenta para 30% entre os mais velhos.

TIPOS DE DÍVIDAS
Diante de um cenário de inadimplência, o consumidor brasileiro tende a manter os compromissos mensais em dia: 94,9% estão com o aluguel em ordem; 91,8% não têm atraso nos planos de saúde e 91,3% estão com o condomínio regular. Lideram as contas em atraso os empréstimos em bancos ou financeiras (89,6%), parcelas de cartões de lojas (83,9%) e parcelas de cartão de crédito (74,9%).
Por outro lado, a pesquisa indica que compras por impulso têm boa parte de responsabilidade nas dívidas em atraso, já que 31,7% dos entrevistados disseram ter feito compras para aproveitar uma promoção, sem avaliar o orçamento, e o e compraram sem avaliar o orçamento; 29,3% dizem que não negociaram bem no momento da compra e 12,2% alegam que consomem mais que o necessário quando estão ansiosos, para se sentirem bem.
O planejador financeiro Gabriel Vansolini Soldado recorda do incentivo a financiamentos com alta disponibilidade de crédito e juros baixos. Em abril de 2013, o governo e o Banco Central tentaram frear a inflação, que começava a subir, com o controle forçado dos juros.
A partir do segundo semestre de 2014, a soma de recessão, aumento do desemprego, taxa de juros alta, alta da inflação e excesso de crédito levou ao boom do endividamento.