Projeção da Anfavea é de 2,296 milhões de unidades neste ano, 5,5% abaixo do volume de produção registrado no ano passado
Projeção da Anfavea é de 2,296 milhões de unidades neste ano, 5,5% abaixo do volume de produção registrado no ano passado | Foto: VW/Divulgação



São Paulo – As duas primeiras semanas de outubro, ou até o dia 14, somam vendas de 70,7 mil veículos novos no Brasil, queda de 13,6% em relação a igual período do ano passado, afirmou ontem o vice-presidente da Ford e vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, em apresentação para participantes de evento do setor automotivo, em São Paulo. O ritmo diário, portanto, ficou em 7,8 mil unidades na primeira metade do mês.
Goldfarb afirma que a tendência é de contração e que não há um ponto de inflexão no horizonte até o momento. "Temos a mensagem clara de que não há sinal de estabilidade, não houve sinal de recuperação", disse o executivo.
A retomada poderá ocorrer no segundo semestre de 2017, caso o Banco Central comece o processo de diminuição da taxa básica de juros já nesta reunião de outubro. "A queda da taxa é um estímulo para a economia, mas há um atraso de seis a oito meses para se traduzir em resultado", disse o Goldfarb, ao se referir à concessão de crédito para a aquisição de veículos.
Mesmo com o cenário nebuloso, a expectativa da entidade para o próximo ano é de que o mercado brasileiro de veículos tenha crescimento próximo de dois dígitos em 2017, depois de quatro anos seguidos em queda. O presidente da Anfavea, Antonio Megale, ponderou, entretanto, que a velocidade da retomada será "diretamente afetada" pela velocidade da aprovação de medidas de ajuste fiscal. "A taxa de juros começa a cair, o risco país começa a cair, a confiança do investidor volta, o emprego volta, o otimismo volta e o País volta a crescer", disse, em vídeo apresentado no evento.
A previsão da Anfavea para este ano é de queda de 19% nas vendas, após recuos de 26,5% no ano passado, de 7,15% em 2014 e de 0,9% em 2013. Para Megale, no entanto, os últimos três meses de 2016 deverão ter um desempenho superior ao dos outros trimestres do ano, devido à estabilização do ambiente político, à adoção de medidas econômicas por parte do novo governo e ao tradicional aquecimento do consumo no fim do ano.
Apesar da expectativa de melhora das vendas nos últimos meses de 2016, a Anfavea já admite que está mais difícil atingir a previsão de produção para o ano. A projeção da associação é de 2,296 milhões de unidades neste ano, 5,5% abaixo do volume registrado no ano passado. "Vamos ficar com um número um pouco aquém disso", afirmou, ao citar as quedas na produção dos últimos meses.

LUCRO MENOR
A crise da indústria automobilística no Brasil continua a derrubar as remessas de lucros das montadoras instaladas no País às respectivas matrizes no exterior. De janeiro a agosto, foram enviados US$ 38 milhões, queda de 72,4% em relação a igual período do ano passado, segundo levantamento apresentado por Golfarb.
Em todo o ano passado, o tombo foi de 70% ante 2014, para US$ 271 milhões. Os recuos refletem as consecutivas baixas na venda e na produção de veículos no Brasil. No acumulado de janeiro a setembro, o mercado de veículos novos apresenta contração de 22,8%. A produção, na mesma comparação, tem queda de 18,5%.
Por outro lado, as transferências de recursos das matrizes para as filiais brasileiras, ou a participação no capital, seguem em alta. De janeiro a agosto deste ano, os aportes somaram US$ 3,905 bilhões, crescimento de 189,5% sobre o resultado de igual intervalo do ano passado. Em 2015, a expansão foi de 55% em relação a 2014, para US$ 4,518 bilhões.