Embora as companhias aéreas não confirmem, o aumento da alíquota de ICMS sobre o combustíveis no Paraná teria sido um agravante para a queda nos voos em Londrina
Embora as companhias aéreas não confirmem, o aumento da alíquota de ICMS sobre o combustíveis no Paraná teria sido um agravante para a queda nos voos em Londrina | Foto: Marcos Zanutto/15-07-2016



A Latam anunciou que a partir de 1º de julho vai operar um novo voo semanal entre São Paulo e Londrina. O JJ3269 sairá aos sábados às 18h55 de Guarulhos e virá direto para o Aeroporto Governador José Richa. Aos domingos, o JJ3406 sairá às 8h30 direto para o aeroporto internacional paulista. Trata-se de uma boa notícia para os passageiros da região. Mas, o tamanho da malha aérea local está bem longe da oferecida há dois anos.
Só para se ter uma ideia, o número de pousos e decolagens no aeroporto de Londrina, segundo a Infraero, baixou de 2.131 em janeiro de 2016 para 1.736, em janeiro deste ano – queda de 18,5%. Os voos começaram a ser cancelados pelas companhias ainda em 2015. A crise econômica e a queda na demanda por viagens aéreas são as justificativas oficiais.
Embora nenhuma empresa admita, o aumento da alíquota de ICMS sobre o combustíveis teria sido um agravante. Tanto é que, no ano passado, as entidades se mobilizaram para pedir ao governador Beto Richa (PSDB) que baixasse novamente para 12% a alíquota do imposto sobre a querosene. A taxa subiu para 18% a partir de abril de 2015.
"Havia esse comentário. O governador se comprometeu a reduzir o imposto desde que as empresas assinassem documento se comprometendo a retomar os voos. Mas ninguém quis assinar", afirma o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Cláudio Tedeschi. "Na verdade, trata-se de uma questão de demanda. As empresas põem voo onde dá dinheiro", complementa.

Enorme prejuízo
Presidente do Londrina Convention & Visitors Bureau, Reinaldo Costa Júnior diz que o prejuízo da redução dos voos para a cidade é "enorme". "Prejudica demais o nosso turismo. Londrina é uma das maiores cidades do Sul e o aeroporto é um vetor econômico importante." Especialmente, segundo ele, a malha aérea reduzida torna mais difícil atrair eventos para a cidade.
Costa Júnior diz que a entidade reivindica da Infraero que negocie possíveis incentivos para que as companhias voltem a oferecer mais voos para a cidade. "A Infraero poderia baixar as taxas que cobra das empresa", exemplifica.
A FOLHA pediu entrevista com o superintendente da estatal em Londrina, Sanzio Renato Teixeira da Silva. Mas a assessoria de imprensa disse que ele estava "sem disponibilidade de agenda". Por meio de nota, informou que "inclusões, alterações e cancelamentos de voos fazem parte da estratégia comercial de cada empresa aérea". Mas afirmou que mantém "constante diálogo" com as empresas para "destacar a infraestrutura oferecida em cada um dos 59 terminais sob administração da estatal para atendimento da demanda".

Companhias
Também por meio de nota, as companhias não responderam sobre o motivo do cancelamento de voos e nem se participaram de reuniões com o governo do Estado. Questionada sobre a possibilidade de implantar novos voos para Londrina, a Latam ressaltou que a linha semanal começa em julho e afirmou que "segue atenta às necessidades dos clientes para iniciar, ampliar ou adequar as suas operações, e os voos são constantemente avaliados conforme a demanda de cada região".
A Azul afirmou que manteve a média de sete voos diários em Londrina entre 2015 e 2017. Mas que diminuiu as rotas a partir da cidade. Em 2015, tinha rotas para Campo Grande, Presidente Prudente, Cuiabá, Curitiba e Campinas. As duas primeiras não existem mais. A nota da companhia disse ainda que, por ter pedido abertura de capital na última semana, entrou em período de silêncio e não poderia responder outras perguntas.
Já a GOL disse apenas que "mantém conversas constantes com os Estados com a finalidade de encontrar oportunidades de negócio. Porém, no momento não há novidades sobre este assunto".
A assessoria do governador Beto Richa (PSDB) confirmou que as companhias, com exceção da Azul que agora opera também em Ponta Grossa, não quiseram se comprometer com a retomada dos voos em troca da redução da alíquota de ICMS. A Azul, segundo o governo, já estaria se beneficiando deste imposto menor ao abastecer no Paraná.