O ministro Blairo Baggi: "Reduzir os juros neste momento é fundamental para manter o setor forte como está"
O ministro Blairo Baggi: "Reduzir os juros neste momento é fundamental para manter o setor forte como está" | Foto: Divulgação



Cuiabá – Com taxas de juros em média um ponto porcentual menores e menos prazo para pagamento, o governo federal vai lançar na próxima semana o Plano Safra. Segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, faltam apenas detalhes técnicos para a finalização do plano, que tem de ser publicado até o dia 1º de junho. "Queria juros dois pontos mais baixos, mas não consegui", admitiu ele, durante entrevista coletiva após participar do seminário "A Força do Campo", promovido pelo Santander, nesta quinta-feira (25), em Cuiabá (MT).
De acordo com Maggi, a intenção do Ministério da Fazenda era elevar os juros para o financiamento da safra, mas foi convencido do contrário. "A demonstração de que foi o agronegócio que segurou a economia brasileira durante tanto tempo convenceu o ministério e o Banco Central. Reduzir os juros neste momento é fundamental para manter o setor forte como está", disse.
Recém-chegado de uma viagem para o Oriente Médio, Maggi contou que não há mais "empecilhos políticos" nem sanitários para a importação da carne brasileira, que sofreu restrições de vários países após a deflagração da operação Carne Fraca pela Polícia Federal, em março. "A questão agora é voltar a ganhar a confiança do consumidor final desses países. Este é um trabalho de longo prazo que eu já estou fazendo com as associações de produtores", afirmou. Além de corrupção envolvendo técnicos do ministério e frigoríficos, a operação apontou problemas sanitários em algumas empresas brasileiras.
Questionado sobre o fato de os compradores estarem aproveitando a situação para exigirem preço mais barato, ele disse que os primeiros embarques de suínos feitos para Hong Kong após a Carne Fraca foram com valores 3,5% menores. "É natural, o mercado se regula sozinho. Vão tentar comprar mais barato e os produtores vão tentar jogar o preço mais para cima."

CAFÉ
O ministro também comentou que não há "nada demais" em liberar a importação de café quando a indústria tiver necessidade. "Liberamos a importação devido à seca que ocorreu no Espírito Santo e em outras regiões. Com a queda na produção, a indústria brasileira ficou sem condições de competitividade no exterior", disse. A medida contraria os interesses dos produtores brasileiros, mas segundo Maggi, a importação não está liberada para o consumo interno, somente em casos específicos para socorrer a indústria. "Se for preciso, faremos de novo. Não vejo demérito nisso."
Também durante a coletiva, o ministro descartou pedido de abertura de novas áreas para o agronegócio. "Temos muito a crescer sobre áreas de pecuárias mal utilizadas", justificou. Essa pode ser uma necessidade, de acordo com ele, quando a população mundial chegar a 9 bilhões de pessoas (hoje é de pouco mais de 7 bilhões). "Quando isso acontecer, a sociedade brasileira vai ter de discutir que caminho tomar."
Maggi ressaltou que o Brasil utiliza apenas 8% do seu território para a agricultura e que, por preservar tanta área, merecia ter alguma preferência mundial no fornecimento de alimentos. "Mas na hora de comprar, ninguém reconhece isso. Só vê preço", reclamou.

FORÇA DO CAMPO
O seminário "A Força do Campo" é uma promoção do Santander Brasil e do governo de Mato Grosso. A iniciativa faz parte da estratégia do banco de se aproximar do agronegócio. O presidente da instituição, Sérgio Rial, contou que foram contratados mais de 40 agrônomos e inaugurados sete espaços de negócios voltados para o setor no País, neste ano. As "lojas Agro" ficam nas cidades de Cristalina e Posse, em Goiás, Naviraí (MS), Campo Novo do Parecis e Canarana, em Mato Grosso, Paragominas (PA), e Balsas (MA). Em junho, será aberta outra unidade, em Primavera do Leste (MT). No segundo semestre, serão mais oito "lojas Agro" em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará, Rondônia e Minas Gerais.

O repórter viajou a Cuiabá a convite do Santander