A pesquisa sobre a expectativa de vendas para a Black Friday, elaborada pelo Grupo Datacenso a pedido da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná), mudou o foco neste ano e ouviu os consumidores no lugar dos lojistas. O resultado deixou os comerciantes animados. O estudo apontou que os paranaenses estão dispostos a gastar e o ticket médio fica em torno de R$ 1,6 mil. No topo da lista de desejos estão itens mais caros, como os da linha branca e celulares. O cenário econômico favorável, com aumento do número de empregos, taxa de juros em declínio e redução da inflação, ajuda a explicar os indicadores positivos para a data criada nos Estados Unidos e que, nos últimos anos, se tornou uma das mais relevantes no calendário do varejo brasileiro.

No levantamento, foram ouvidas 605 pessoas, entre os dias 30 de outubro e 1 de novembro, nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Maringá, Cascavel, Londrina e Francisco Beltrão. A margem de erro é de 4%, considerando o grau de confiança de 95%, satisfatório para uma análise estatística.

Entre os entrevistados, 60% afirmaram ter comprado na Black Friday do ano passado e 42% pretendem gastar mais neste ano. Em Londrina, o percentual dos que vão desembolsar um valor maior em 2023 ficou um pouco acima da média do Estado, em 44%. No geral, 23% responderam que irão gastar um valor mais baixo neste ano e em Londrina, 33% deverão segurar os gastos. O grupo dos que disseram ter a intenção de manter o valor do ano passado corresponde a 20% do total no cômputo geral e, em Londrina, 14%.

Quando perguntados sobre a estimativa média do valor reservado para as compras do dia 24 de novembro, a média no Estado foi calculada em R$ 1.678,66. Os consumidores de Cascavel e os de Curitiba são os que mais estão dispostos a gastar, com valores médios de R$ 1.892,73 e R$ 1.832,50, respectivamente. Em Londrina, a estimativa média de compra é de R$ 1.788,98, 6,5% acima da média. Maringá tem os consumidores que vão gastar menos, com ticket médio de R$ 1.273,45.

No Paraná, produtos da linha branca, na qual se encaixam itens como máquina de lavar, geladeira, freezer, fogão e micro-ondas estão na preferência de 22%, seguidos pelos eletroportáteis (21%) e celulares e tablets (17%). Em Londrina, a lista de desejos é um pouco diferente. Em primeiro lugar estão os celulares e tablets, com 28%, na sequência aparecem os eletroportáteis, com 22%, e a linha branca ocupa a terceira posição, com 20%. Roupas, televisores e calçados são produtos de menor interesse.

O presidente da Faciap, Fernando Moraes, destacou que essa pesquisa vem “de uma base ruim”, formada nos anos anteriores por um cenário de pandemia e depois, por fatores econômicos desfavoráveis. Embora não caiba comparação entre as pesquisas de expectativa para a Black Friday de 2022 e 2023 por terem consultado públicos distintos – no ano passado, lojistas e neste ano, consumidores – os índices levantados neste ano pelo Grupo Datacenso anima os lojistas que amargaram um primeiro semestre marcado por datas comemorativas com resultados abaixo do esperado. “O consumidor está mais animado este ano. A gente entende que o poder de compra aumentou pela deflação, tem mais empregos na praça, tem a queda dos juros e o programa Desenrola Brasil fez muita gente sair da lista de negativados. Isso tudo dá um ânimo para os consumidores quererem fazer novas compras. E o lojista também está mais animado e vai fazer mais ofertas”, comentou.

Moraes ressaltou o ticket médio apurado nesta pesquisa, superior a estudos divulgados pela Faciap em outras datas comemorativas de 2023, como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, quando a expectativa de gastos dos consumidores era em torno de R$ 200. “Os produtos da linha branca e de telefonia têm um ticket médio mais alto. A nossa expectativa é que as vendas da Black Friday recuperem um pouco (os resultados ruins do comércio em meses anteriores). Os lojistas estão animados com a Black e o Natal.”

"É uma expectativa bastante otimista, com um ticket médio alto porque os produtos são caros. Esperamos que essa expectativa se concretize em vendas para beneficiar todo o comércio e a economia londrinense", disse o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Angelo Pamplona.

Embora a data oficial da Black Friday seja sempre a última sexta-feira de novembro, que neste ano cai no dia 24, nas lojas físicas muitos comerciantes iniciam o período de ofertas e promoções no início do mês, com os anúncios de “Black November”. Na sexta-feira, a movimentação é mais intensa nas lojas virtuais.

Segundo a pesquisa do Datacenso, 64% dos paranaenses que planejam comprar na Black Friday farão suas compras pela internet. Em Londrina, esse índice ficou em 55%. As lojas físicas de rua são a segunda opção, com 30% na média geral do Estado e 38% em Londrina. Os shoppings são a escolha de 7%, tanto no Paraná quanto no município.

Diante de dados tão animadores, há uma questão que preocupa os varejistas. Devido à seca sem precedentes na região amazônica, os fabricantes da Zona Franca de Manaus estão com dificuldades para embarcar produtos eletrônicos, como os televisores e aparelhos de ar-condicionado. “O fornecimento de celulares não foi prejudicado porque são itens menores que vêm de avião. Mas os produtos maiores vêm por navio e a seca pode fazer com que a gente tenha falta de produtos”, alertou Moraes.