Depois de aprovada na Câmara, reforma trabalhista tramita no Senado, onde deve ir a plenário em julho
Depois de aprovada na Câmara, reforma trabalhista tramita no Senado, onde deve ir a plenário em julho | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado


Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (22) pelo Blog de Valor revela que 64% dos entrevistados não acreditam na aprovação das reformas em tramitação no Congresso Nacional. Apenas 36% estão confiantes de que a articulação política do governo Michel Temer (PMDB) será capaz de fazer os deputados e senadores votarem favoráveis a elas. Apesar disso, 57% acreditam que Temer terminará seu mandato.

O levantamento feito pelo blog ouviu 508 investidores do mercado financeiro, dos menores aos qualificados. "Isso revela que o investidor confia no poder de articulação do governo para que o presidente não caia, porém, ao mesmo tempo, acha que muita energia será gasta nesta frente de batalha, o que impedirá o avanço de votações complexas no plenário", alega André Bona, educador financeiro do blog.

No Paraná, empresários ouvidos pela FOLHA acreditam que Temer conseguirá aprovar uma das reformas, a trabalhista. E acham que ele permanecerá no cargo até o final do mandato. Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo diz que o governo "tem gás" para aprovar essa reforma. Ele conversou com a reportagem por telefone, de Washington, onde participa de um evento que visa atrair investimentos externos para os Estados Unidos. "A gente percebe aqui a preocupação com a segurança jurídica nos investimentos. E é exatamente da insegurança jurídica que existe no Brasil que os investidores reclamam. A informação que eu tive é que 80% das reclamações trabalhistas do mundo estão no Brasil. Será que os patrões brasileiros são tão ruins?", questiona.

Para Campagnolo, aprovar a reforma da Previdência será uma tarefa mais difícil. "Essa reforma não encontra apoio de muitos deputados que estão de olho em 2018, que é ano eleitoral", afirma. Ele acredita que a reforma tributária tem mais chances de aprovação que a da Previdência. Isso porque, o seu relator, deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), tem rodado o País apresentando as propostas e recolhendo contribuições. "Se as outras reformas fossem tratadas como a tributária, teriam mais chances de serem aprovadas", alega.

O presidente da Fiep diz que Temer deveria "ter a grandeza de preparar um sucessor" no Congresso (para eleição indireta) e renunciar. Questionado se acredita nesta possibilidade, ele afirma que depende das próximas notícias que vierem da Operação Lava Jato.

SEM TEMPO
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Cláudio Dequech, também acredita que Temer conseguirá aprovar a reforma trabalhista, que precisa de maioria simples no Congresso. "A da Previdência é mais complicado", afirma. Ele acredita que o presidente terminará o mandato. "O processo de impeachment da Dilma demorou uns nove meses. Nós estamos a pouco mais de um ano das eleições. Não vai dar tempo de um novo impeachment."

Para Dequech, a melhor saída política teria sido a renúncia do presidente assim que veio a público o escândalo da JBS. "Se ele não renunciou naqueles dias não renuncia mais. Por isso, acho que termina o mandato", declara.

POUCA SUSTENTAÇÃO
Já o ex-presidente da Acil, Flávio Balan, acredita que Temer cumprirá o mandato somente se conseguir aprovar ao menos uma reforma em breve. Ele ressalta que o presidente tem pouca sustentação política e ainda não caiu devido a sua equipe econômica, que tem credibilidade dentro e fora do País. "Se não conseguir aprovar não termina o mandato", alega.

O empresário Fernando Kireeff é outro que acredita na aprovação da trabalhista. "Acho pouco provável que aconteça o mesmo com a da Previdência". Ele também aposta que Temer permaneça no cargo até o fim. "Não há tempo hábil nem vontade política para um processo de impedimento. E acho improvável uma renúncia."

TRAMITAÇÃO

A reforma trabalhista foi aprovada na Câmara dos Deputados e tramita atualmente no Senado, onde deve ir a plenário em julho. A da Previdência está parada na Câmara devido à crise política. E a tributária ainda não está tramitando. O relator ainda está coletando contribuições pelo País.