O ovo em evidência
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terça-feira, 20 de setembro de 2016
Victor Lopes<br>Reportagem Local
Em tempos de carne de boi a preços bem salgados nos açougues e supermercados, as proteínas animais de menor valor agregado têm se tornado as vedetes na mesa do consumidor brasileiro. Os produtores de suínos e ovos do Paraná duas produções de grande peso na cadeia do agronegócio estadual continuam mostrando força em 2016, apesar do aumento dos custos de produção para alimentar os animais. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de setembro apontam tal cenário positivo para ambos os casos.
No Brasil, a produção de ovos de galinha alcançou a marca recorde de 757,51 milhões de dúzias no 2º trimestre de 2016, maior volume da série histórica iniciada por trimestre em 1987, alta de 5%. Os maiores aumentos ocorreram em São Paulo (5,4%), Goiás (25,9%), Espírito Santo (8,3%), Ceará (15,7%) e Mato Grosso (7,6%). O Paraná, segundo maior produtor atrás apenas de São Paulo, ficou com a produção praticamente estável no período.
De acordo com o técnico do Deral Roberto Andrade Silva, o Estado ganhou boa posição no ranking a partir de 2011. Ele explica que o produto ganhou representatividade entre as proteínas animais a partir do momento em que foi investido em campanhas por instituições direcionadas para mostrar a importância dos ovos para a saúde, além, claro, do valor baixo para as famílias. "O produto é muito acessível comparado com outras proteínas. Inclusive, esta alta demanda fez que houvesse um crescimento de 41% na caixa de 30 dúzias, saindo de R$ 60 para R$ 85 no Estado. No mesmo período, o valor da carne de frango saltou 24%, enquanto o suíno, 17%. Não podemos esquecer que o milho disparou 64% e a soja, 14%, aumentando significativamente os custos de produção dos produtores".
Suínos
No comparativo entre o segundo trimestre de 2016 com o mesmo período do ano passado, foram abatidas 10,46 milhões de cabeças de suínos no País, representando aumento de 3,9%. No Paraná, o crescimento foi maior: 4,5% (aproximadamente 87,4 mil cabeças), perdendo apenas para Santa Catarina (alta de 7,5%) e Rio Grande do Sul (7,1%). Vale dizer que os três estados juntos correspondem a 65,5% de toda a produção nacional. Só como análise comparativa, o número de abates de bovinos no Estado no mesmo período caiu quase 8%.
O técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura (Seab), Edmar Gervásio, relata que o aumento está diretamente ligado às reações do mercado interno e externo. Ele salienta que existe uma estimativa de que o primeiro semestre tenha fechado com uma alta de 15% nos abates em comparativo ao ano passado. "Essa proteína mais barata tem atraído os consumidores de forma geral. O mercado externo também está aquecido".
Pelo levantamento do Deral, entre janeiro e agosto foram exportadas aproximadamente 60 mil toneladas de carne suína, uma alta de 58% comparado a 2015, quando nesta mesma data o montante era de 38 mil toneladas. Os dois principais clientes Hong Kong e Uruguai, que correspondem a 70% das compras importaram 32,1 mil toneladas (alta de 136%) e 9,7 mil toneladas (48%), respectivamente. "Deveremos superar a maior exportação dos últimos oito anos. Como 80% dos produtores estão integrados à cadeia produtiva, acredito que eles não estejam sendo tão impactados pelo aumento dos custos. Avalio este como um bom momento", complementa Gervásio.