Pesquisa do IBGE mostra que segmento de vestuário, calçados e acessórios permaneceu estável em agosto ante ao mês anterior
Pesquisa do IBGE mostra que segmento de vestuário, calçados e acessórios permaneceu estável em agosto ante ao mês anterior | Foto: Rei Santos/18-06-2016



As vendas no varejo no mês de agosto tiveram queda de 0,6% em relação a julho deste ano e de 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, na 17ª taxa negativa mensal neste tipo de comparação. A receita nominal em agosto, entretanto, cresceu 0,5% frente a julho. Os números foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).
O resultado do varejo já acumula perdas de 6,6% nos oito meses do ano e de 6,7% em doze meses. Por outro lado, a receita nominal teve variação positiva de 5,1% de janeiro a agosto e de 4,1% em doze meses. Para especialistas, a situação deve mudar um pouco em dezembro, devido ao 13º salário, mas a contratação de temporários, característica do período, ainda é incerta.
A PMC identificou uma retração ainda maior no varejo ampliado (que inclui as atividades de veículos, motocicletas, partes e peças e de material de construção). Comparado a julho, o volume de vendas em agosto caiu 2,2% e a receita nominal retraiu 1,2%. Em relação a agosto do ano passado, as vendas caíram 5,5%, mas a receita nominal aumentou 1,2%.
O diretor executivo do Datacentro e consultor econômico da Associação Comercial do Paraná, Cláudio Shimoyama, afirma que, apesar de a inflação começar a dar uma trégua, os altos níveis de desemprego mantêm a insegurança do consumidor.
As quedas no volume de vendas ocorreram de forma generalizada no decorrer dos meses em todas as atividades, como reflexo da deterioração das condições do mercado de trabalho e a elevação dos preços e dos juros, afirma a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes.
Segundo ela, com esse quadro conjuntural, "as famílias ajustam seus orçamentos a um patamar mais baixo e para aquele tipo de consumo que pode ser postergado ou mesmo evitado, como é o caso de móveis e eletrodomésticos, combustíveis, perfumaria e outros".
Dos oito segmentos acompanhados pelo IBGE, apenas o de supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos teve desempenho positivo (+0,8%, ante resultado de -0,7% em julho), enquanto o segmento de vestuário, calçados e acessórios permaneceu estável em comparação ao mês anterior.
O consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, afirma que, com o consumo represado, entram no radar do comprador os itens mais básicos, como comida e vestuário. Ele ainda diz que a aposta para vendas melhores nas festas de fim de ano estão nestes setores. "O consumidor pensa que, se não pode presentear, ao menos, vai dar a festa", afirma. O consultor ainda frisa que as vendas de roupas e calçados garantiram as vendas do Dia das Crianças de 2016.

DEZEMBRO MORNO
A chegada do fim de ano traz certo alívio para o comércio, uma vez que traz junto o 13º salário dos trabalhadores. Mesmo assim o desemprego ainda em alta não confere unanimidade no ânimo dos empresários. "Somente a metade [dos comerciantes] acredita em um fim de ano melhor que o de 2015", afirma Claudio Shimoyama.
Mesmo as contratações temporárias de fim de ano não estão garantidas. Marcos Rambalducci explica que as admissões começam normalmente em outubro, para que eles recebam treinamento em relação ao ramo em que vão atuar, o que ainda não aconteceu este ano. "Os comerciantes podem estar se preparando para trabalhar com horas extras da equipe normal ou, devido às taxas de desemprego, apostam em mão de obra especializada que poderá atendê-los em dezembro", especula.
Por outro lado, ele não espera uma retomada das assinaturas em carteiras de trabalho tão cedo, já que, quem manteve o emprego, atua com certa ociosidade, devido ao arrefecimento da economia.