Novo acordo poderá alavancar a produção pecuária do Paraná
Novo acordo poderá alavancar a produção pecuária do Paraná | Foto: Ricardo Chicarelli/04-04-2016



A estimativa de crescimento do consumo de carnes na China é de 300 mil toneladas ao ano, conforme dados da China Meat Association (CMA, ou Associação de Carne da China), o que mostra o tamanho do mercado de exportação para os pecuaristas brasileiros. No entanto, somente 19 plantas frigoríficas estão aptas hoje para vender o produto ao país asiático, a maioria pertencente a grupos gigantes do setor, o que faz com que a CMA busque novos parceiros e abra espaço para exportadores médios no Brasil.
Em reunião no último dia 17, na capital paulista, os presidentes da CMA, Li Shuilong, e da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, assinaram um protocolo de intenções para que 12 frigoríficos que já cumpriram as exigências para habilitação de exportação à China passem pela auditoria física na próxima visita de representantes do país asiático. O encontro complementou o acordo de cooperação assinado entre ambos em 26 de outubro passado, durante a Feira da Indústria China International Meat, para dar acesso ao mercado chinês também aos frigoríficos brasileiros de médio porte.
Uma das plantas interessadas fica no Paraná e existe a expectativa de voltar a movimentar a produção de gado de corte na região, principalmente por meio da integração entre lavoura, pecuária e floresta. Isso porque a China é o principal importador da carne bovina brasileira e vem elevando as aquisições, seja via a cidade estado de Hong Kong ou pela China Continental. O mercado representa 37,3% das exportações brasileiras de carne bovina in natura e processada de janeiro a outubro de 2016, conforme informa a Abrafrigo.
A China é o maior parceiro comercial do Paraná, com US$ 3,331 bilhões em compras de janeiro a outubro deste ano, ou 11,94% a mais do que os US$ 2,976 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No entanto, as vendas de carne bovina desossada, que é a considerada para o acordo com o país, é apenas o 32º item da pauta de exportações estadual. Mesmo assim, aumentou em 65,28% a venda do produto, de US$ 35,200 milhões para US$ 58,180 milhões.

Imagem ilustrativa da imagem Mercado sem osso



O presidente da Abrafrigo afirma que as exigências já foram cumpridas pelos associados, que preencheram extenso questionário no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Depois de aprovados, os pedidos de habilitação foram encaminhados ao Ministério das Relações Exteriores, que encaminha ao adido agrícola da China. "Fui três vezes à China, fiz contato com vários importadores chineses para que, quando venham na próxima missão de auditoria a plantas, incluam no roteiro os frigoríficos de médio porte", diz.
Ele considera que o aumento de vendas aos chineses abra outros mercados e beneficie toda a cadeia. "Se há estímulo para a indústria, o produtor pode ser beneficiado. Onde tem gado de corte, o frigorífico vai atrás e o contrário também é verdadeiro", cita Salazar.
Apesar de o Paraná ser apenas o nono colocado no País em abate de bovinos, com 1,246 milhão de cabeças e 300,302 mil toneladas, de acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB), há a perspectiva de aumento na produção. "Pela proximidade com o Porto de Paranaguá, que tem terminal próprio para exportar carnes, acho que seria saudável para a pecuária paranaense. Mas só poderemos quantificar isso depois de conhecermos a demanda dos chineses", diz o diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná, Ricardo Rezende.
Para ele, o fato de o Estado ser forte na produção de grãos, que compõem a ração dos animais, também ajuda. "Principalmente com a integração da lavoura, pecuária e, em algumas regiões, de floresta, fica viável e pode ser que dê uma melhorada também na parte de cria, além da engorda", cita.
O diretor da SRP faz a ressalva de que outras regiões, como os estados do Centro-Oeste do País, podem ser mais viáveis. Como a propriedade no Paraná está entre as mais caras, ele diz que é possível usar a cultura de aveia e gramíneas no inverno para pastejo. "Mas temos de ver como serão os contratados com os chineses", diz.