A gasolina teve um recuo de 0,40% em setembro
A gasolina teve um recuo de 0,40% em setembro | Foto: Arquivo Folha
Imagem ilustrativa da imagem Menor inflação aponta para redução dos juros
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A inflação fechou setembro em 0,08%, a menor variação para o mês em 18 anos, e gera expectativa de que o Banco Central (BC) possa reduzir a taxa básica de juros, a Selic, já na reunião deste mês. O resultado foi puxado pela desaceleração ou queda de preços em seis dos nove grupos considerados, principalmente a alimentação, artigos de residência e transportes, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado em nove meses deste ano, a inflação está em 5,51% e, em 12 meses, em 8,48%. Apesar do centro da meta do BC ser de 4,50%, com margem de 2 pontos percentuais para cima e para baixo, analistas consideram que é pouco provável que a variação de preços deste ano fique aquém do teto estipulado, de 6,50%.
Mesmo assim, o menor índice desde a redução de 0,22% de setembro de 1998 e o grande recuo frente o 0,44% de agosto deste ano fazem com que as previsões comecem a apontar por uma redução da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) do BC, marcada para os dias 18 e 19 deste mês. A medida influenciaria a confiança de empresários e consumidores para o início da reversão da recessão da economia, que se daria, entretanto, somente no próximo ano.
O presidente do Sindicato dos Economistas de Londrina, Ronaldo Antunes, afirma que o resultado se deve ao fim da escassez de certos alimentos e pela falta de demanda causada pelo desemprego e pela crise. "É a primeira vez que os alimentos não estão sob a pressão de problemas climáticos e outros itens tiveram uma redução alta ou moderada pela menor massa salarial", diz. "E um dos componentes dessa demanda menor foi a redução de gastos públicos e a taxa de juros alta, o que dificulta o consumo", completa.
Para o consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, a desaceleração da inflação é um dos impactos mais diretos da crise, mas demorou a ocorrer pelos problemas climáticos para alimentos e pela alta de custos de insumos para a indústria. "Estamos caminhando para a normalidade na oferta de produtos agrícolas e o aumento do custo da energia elétrica e dos combustíveis já foi absorvida pela indústria", diz.

Confiança
Como resultado do maior sinal de desaceleração da inflação no ano, os economistas acreditam que o BC possa reduzir a taxa básica de juros já neste mês. "O cenário de expectativas econômicas melhora com os resultados e o BC tem a confiança do mercado de que a decisão de mudar a Selic será técnica, e não política como no mandato anterior", diz Antunes, para quem a redução não deve passar de 0,25 ponto percentual.
Rambalducci crê que o Copom tenda a apresentar um panorama mais otimista à economia. "A redução da Selic é um grande sinalizador, mais emocional do que efetivo, e esse otimismo pode impregnar o empresariado", cita. Isso porque o consultor da Acil diz que é preciso investir com até seis meses de antecedência na indústria quando se espera melhora econômica futura. "A venda de insumos e de maquinários são os próximos indicadores aos quais se deve prestar atenção, assim como a demanda por energia elétrica. Se subirem é porque o setor industrial começa a reagir."

Na cesta
O grupo Alimentos e Bebidas, que acumulava alta de 9,11% de janeiro a agosto, apresentou queda de 0,29% em setembro, o que levou o índice do ano para 8,80%. A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) teve a segunda maior redução de preços entre as capitais pesquisadas, com variação negativa de 0,96%, atrás apenas de Vitória (-0,98%). Entre os produtos que mais influenciaram o resultado estão o leite (-7,89%), o feijão carioca (-4,61%) e a batata-inglesa (-19,24%). Contudo, a alimentação dentro de casa sofreu queda de 0,60%, enquanto a fora teve alta de 0,33%.
Artigos de Residência (-0,23%) e Transportes (-0,10%) foram outros grupos com quedas no mês. No primeiro, a influência foi de TV, som e informática (-1,15%) e mobiliário (-0,65%) e, no segundo, de passagens aéreas (-2,39%), os automóveis usados (-1,50%) e a gasolina (-0,40%). Houve alta, porém, em Habitação (0,63%), pressionada pelo botijão de gás (3,92%) e condomínio (0,91%).