"Não estamos considerando elevar impostos agora, estamos avaliando outros tipos de controles das despesas", disse Meirelles nesta quinta (25)
"Não estamos considerando elevar impostos agora, estamos avaliando outros tipos de controles das despesas", disse Meirelles nesta quinta (25) | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil



São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quinta-feira, 25, que não há um plano B no governo caso a reforma da Previdência seja engavetada e reafirmou estar confiante de que o texto será aprovado em fevereiro no Congresso, de acordo com entrevista à agência de notícias Bloomberg News concedida em Davos. Meirelles descartou elevar impostos e ressaltou que as medidas do governo para o ajuste fiscal são mais pelo lado do controle de despesas.

Ele começou a entrevista afirmando que a agência de classificação de risco S&P Global Ratings deixou "muito claros" os motivos que provocaram o rebaixamento do rating soberano do Brasil e o principal deles foi a não aprovação da reforma da Previdência até agora. "Mais importante, eles (a S&P) indicaram o que será necessário para a melhora do rating, que é a votação da reforma, que acredito que será agora, e em segundo lugar, que o Brasil cresça em 2018, que é um fato dado, porque o Brasil está crescendo", disse ele, mencionando ainda como um terceiro fator a eleição presidencial.

"Neste momento, não estou trabalhando com um plano B ou alternativa à reforma (da Previdência)", disse Meirelles na entrevista. "Temos que votar e acho que agora há um melhor entendimento no País e no Congresso das propostas da reforma", completou. O ministro ressaltou que a reforma da Previdência vai beneficiar as classes de menor renda e criar um sistema previdenciário mais justo. "Acho que agora as chances de aprovação são muito melhores."

"Não estamos considerando elevar impostos agora, estamos avaliando outros tipos de controles das despesas", afirmou Meirelles ao falar do ajuste fiscal.

Real
O ministro foi questionado sobre a forte valorização do real nos últimos meses e perguntado se o nível atual da divisa preocupa o governo. O chefe da Fazenda afirmou que o patamar "não é problemático", mas evitou falar em um nível que seria bom para o dólar no Brasil. A economia brasileira está crescendo, puxada pelo consumo e o mercado doméstico e as exportações são importante, mas não são o principal fator para estimular o Produto Interno Bruto (PIB), disse o ministro.

O PIB brasileiro deve crescer na casa dos 3% este ano e Meirelles ressaltou que é provável que o número surpreenda para cima, assim como a arrecadação do governo, que pode vir melhor que o esperado. "3% para o PIB é um bom número, é um número sólido", disse ele, ressaltando que os agentes têm revisado as previsões de expansão para cima.

Em debate, os fundos autofinanciáveis

Davos - Enquanto no Brasil o governo tem dificuldades de aprovar uma reforma da Previdência com o aumento da idade mínima entre outros pontos de mudança, as discussões no mundo são incentivar jovens a não dependerem mais do sistema público e a criação de fundos autofinanciáveis. O tema foi debatido nesta quinta-feira, 25, no painel "Vamos viver até os 100, mas poderemos sustentar isso?", durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e contou com a participação do ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles.

Depois de sua apresentação, ele relatou que descreveu a proposta de reforma da Previdência no País, que está no Congresso e que o Executivo quer que seja votada até o mês que vem. "Mostrei como isso é compatível com a direção em que o mundo está seguindo", disse, salientando que é preciso levar em conta a questão demográfica e que, portanto, a questão da idade mínima será alterada para o sistema geral.

"Enfatizamos que o sistema geral no Brasil cobrirá, com a reforma, toda a população, mas em bases iguais e mais justas para o setor público e privado e que o setor publico já passe a ter um sistema autofinaciável para quem ganha mais", descreveu. A diferença, de acordo com o ministro, é que no Brasil existe a garantia de um sistema geral com financiamento público para todos. "Mas com idade mínima, com um sistema mais balanceado e equilibrado com a sustentabilidade fiscal", pontuou.

Sobre os demais participantes, Meirelles relatou que a discussão foi muito baseada na experiência de países que têm já um sistema de previdência que leva em conta um porcentual maior da população vivendo mais tempo, como na Suécia e Canadá, o que coloca a questão do tema da discussões como um desafio para o sistema. "O que está se fazendo cada vez mais é criar sistemas que são autofinanciáveis e que incentivem as pessoas relativamente jovens a começarem a fazer uma poupança voluntária, e não dependerem de um sistema público. Em alguns países já se começa a partir para uma dependência cada vez menor de algo que seja mandatário", analisou o ministro. (Célia Froufe/Agência Estado)