A indústria brasileira de móveis projeta um crescimento de 10% neste ano para recuperar as perdas de 2009 e pelo menos repetir o desempenho de 2008. A avaliação foi feita ontem, em Arapongas, pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, na abertura da 7 edição da FIQ - Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira. A FIQ 2010 vai até a próxima sexta-feira, das 13h às 20h, no Expoara - Centro de Eventos.
Em 2008, segundo dados da Abimóvel, a produção brasileira atingiu R$ 22 bilhões. No ano passado, em função da crise global, o faturamento caiu 2,93%, para cerca de R$ 18 bilhões. No mesmo período, as exportações sofreram queda ainda maior, de 28%. Foram exportados R$ 2 bilhões em 2008 e apenas R$ 1,3 bilhão em 2009.
O otimismo manifestado pela entidade deve-se ao desempenho do setor de dezembro a fevereiro. As vendas, nesse período, cresceram 13% em relação ao período anterior equivalente e a capacidade ociosa nas fábricas caiu pela metade - de 30% para 15%. ''É o momento de pisar no acelerador para recuperarmos os níveis de 2008'', afirmou Fernandez. ''A equalização do IPI permite essa expectativa.''
O presidente da Abimóvel refere-se à redução permanente do Imposto sobre Produtos Industrializados, de 10% para 5%, de dois elos importantes da cadeia produtiva do setor moveleiro: os fabricantes de móveis de metal e, principalmente, os de estofados, responsáveis por 35% da produção brasileira de móveis e que, por contar com muitos trabalhos manuais, tem alta empregabilidade.
Os números positivos verificados nos primeiros meses do ano, segundo a Abimóvel, devem-se também à exportação. No primeiro trimestre, o Brasil comercializou US$ 173,27 milhões em móveis - 11,8% a mais que no mesmo período do ano passado, em grande parte devido à recuperação do mercado argentino, que recolocou o país vizinho no primeiro posto do ranking dos maiores importadores de móveis brasileiros.
A preocupação do setor, afirmou José Luiz Diaz Fernandez, é com o aumento nos preços de matérias-primas, como embalagens, vidros e placas - este último segmento já anunciou majorações em torno de 12% a partir de maio. ''Até agora o setor moveleiro não tem repassado esses custos para o varejo'', disse Dias, ''mas não sei até quando suportará''.
Crise passou
Na opinião do presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário de Arapongas (SIMA), Nelson Poliseli, a crise que se abateu sobre o mundo todo em 2009 já passou e a expectativa para este ano é ''muito boa''. Segundo ele, o polo moveleiro de Arapongas tem a mesma estimativa de crescimento da média nacional: 10%, com projeção de exportação de 8% da produção. ''Com os programas sociais, o poder aquisitivo do brasileiro melhorou bastante'', disse Poliseli. ''Arapongas produz móveis populares, que se encaixam no perfil desse novo público consumidor.''
O polo moveleiro do Norte do Paraná reúne 713 indústrias no eixo Londrina-Maringá - do total, 139 estão em Arapongas. O número total de empregos diretos é de 17.523, sendo que 10.409 estão em Arapongas. O polo moveleiro regional é responsável por 9,88% do PIB nacional de móveis e por 67,31% do PIB do município de Arapongas.
O presidente do Expoara, José Constantino, afirmou que o momento deve ser de ''ousadia'' para os empresários do setor que, segundo ele, devem aproveitar os incentivos governamentais - como a liberação de financiamentos a 4% de juros ao ano - para modernizar os equipamentos. ''Eles precisam aplicar recursos em tecnologia para aumentar a produtividade e reduzir custos'', disse ele. ''Estamos vivenciando isso no nosso parque industrial'', acrescentou.