Incerteza com eleições deve impactar crescimento do Brasil, diz FMI
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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
Estelita Hass Carazzai<br>Folhapress
Washington, EUA Em novo relatório sobre a expectativa de crescimento do Brasil divulgado nesta quinta-feira (25), o FMI (Fundo Monetário Internacional) considera que o processo eleitoral do País deve pesar no desempenho da economia em 2018. A incerteza sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após sua condenação em segunda instância nesta quarta (24), não chegou a ser levada em conta na análise mas é "um fator adicional".
"Um processo eleitoral com maior nível de conflito gera mais incerteza, obviamente", afirmou a jornalistas o diretor do FMI Alejandro Werner, que comanda as análises para a América Latina.
Recentemente, o órgão elevou a expectativa de crescimento do Brasil, de 1,5% para 1,9% em 2018.
Werner afirma que a retomada de investimentos no país, somada à queda da inflação e dos juros, "surpreendeu" a equipe do FMI, e ajudou a melhorar a previsão de crescimento.
Ela é, porém, menos otimista que a de outros analistas, que preveem uma taxa de quase 3% - o que se dá exatamente pela incerteza do processo eleitoral.
Para o diretor do FMI, os investimentos no Brasil devem ser postergados ou reduzidos na expectativa do resultado das eleições, no final do ano em especial, se os candidatos que liderarem as pesquisas não se comprometerem com agendas de ajuste fiscal e reformas como a da previdência e a tributária.
O diretor não chegou a mencionar especificamente o ex-presidente Lula, que atualmente se opõe à proposta da reforma da Previdência encampada pelo governo de Michel Temer (MDB). Para o FMI, ajustes como a reforma previdenciária podem assegurar o crescimento da economia brasileira a taxas sustentáveis, especialmente se conseguirem controlar a dívida pública. "Essa é uma agenda pendente muito, muito importante", afirmou Werner.
PREVIDÊNCIA
Sob forte oposição de setores da sociedade, a reforma da Previdência está sob impasse no Congresso. O governo Temer não tem os votos suficientes para aprová-la, e negocia com os partidos.
A expectativa do governo era aprová-la até fevereiro, o que atualmente é considerado difícil.
Para Werner, mais importante do que a rapidez da reforma é a sua qualidade.
"É mais importante que se faça bem do que se faça rápido", afirmou o diretor do FMI.
Segundo ele, o ajuste ajuda a sanear as finanças públicas do Brasil no médio prazo. Um atraso de quatro ou cinco meses em sua aprovação, portanto, não seria tão relevante caso ela seja bem-feita e consiga controlar o deficit previdenciário. No ano passado, o déficit da Previdência Social chegou ao recorde de R$ 268 bilhões, segundo o governo.