A multinacional indiana de tecnologia TCS (Tata Consultancy Services) planeja contratar, pelo menos, mais 1,6 mil trabalhadores para a sua sede em Londrina, ao longo dos próximos 12 meses. Com as novas vagas, a empresa irá aumentar para cerca de 3,3 mil pessoas a equipe de funcionários que atua em seu centro de entregas local. Em entrevista à FOLHA, nesta segunda-feira (22), o CEO da TCS no Brasil, Bruno Rocha, detalhou como deve acontecer a expansão das operações da organização no município, anunciada na semana passada.

Instalada desde 2018 em Londrina, a TCS conta hoje com 1.750 profissionais. O projeto de expansão prevê a construção de três prédios, sendo que um deles, com capacidade para 1,6 mil trabalhadores, está em fase de licitação e deve ficar pronto em dois anos e meio. A execução das outras duas obras irá depender da capacidade de contratação da empresa. “A companhia quer contratar, o mais rápido possível, mais 1,6 mil pessoas, mas o desenvolvimento disso, a formação das pessoas e a contratação delas, não é imediata. A gente não tem, hoje, em Londrina, tantos profissionais habilitados a trabalhar com as tecnologias necessárias. Sempre tivemos, em Londrina, mais vagas do que candidatos”, disse Rocha.

Antes de chegar às cinco mil contratações previstas, ressaltou o CEO, a empresa deverá investir na formação e capacitação dos trabalhadores, o que deve acontecer de forma gradual. “A expectativa é que Londrina tenha mais de cinco mil pessoas na TCS. Quando? Vai depender muito mais da minha capacidade de velocidade de formação, contratação e desenvolvimento de pessoas.”

Mesmo sem o quantitativo necessário de profissionais capacitados, o grupo indiano avalia que compensa investir no centro de entregas londrinense. Rocha destacou que o modelo de desenvolvimento da TCS é baseado nos profissionais, desde o recém-saídos da faculdade até aqueles com maior grau de experiência. “Você não monta uma empresa só com juniores, precisa de seniores também. Nossa dificuldade de aceleração de crescimento é que por mais que eu invista em Londrina, onde há 17 centros universitários, mais de 60 cursos de engenharia e 10% da população estudante dessa área, só com a base eu não consigo.”

A escolha por Londrina, disse o CEO, se explica pelo potencial que a TCS enxerga na base de jovens em formação na cidade. “À medida que eu consolidar um centro em Londrina de mais de cinco mil pessoas, vou estar muito sólido, com uma base de profissionais leais que a gente desenvolveu, que conhece a cultura da companhia, conhece os processos não só de tecnologia, mas também o processo de gestão e eu vou estar muito melhor posicionado para competir com o mercado brasileiro.”

Na semana passada, quando o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, e o governador do Paraná, Ratinho Junior, anunciaram a expansão do grupo TCS em Londrina, foi divulgada que a iniciativa corresponderia a uma injeção de cerca de R$ 160 milhões na economia local. A TCS não divulga números e valores de investimento em pessoal e estrutura, mas destaca o potencial de crescimento da unidade local, tornando-se um centro de referência em tecnologia. “Serviço de TI (Tecnologia da Informação) é dinheiro que vem de outros clientes que estão fora da cidade e que está sendo derramado na mão daqueles profissionais. Meu custo, basicamente é salário e eles estão gastando e consumindo na cidade. E os salários são altos porque eu falo que eles têm um alto nível de fluência em ciências mais complexas.”

A TCS mantém, no mundo, uma rede de centros de entrega e a unidade londrinense opera, segundo Rocha, com os mesmos níveis de certificação de qualquer outra unidade e com profissionais fluentes nas mesmas tecnologias dos centros globais. Os delivery centers prestam serviços de tecnologia para grandes players nacionais e multinacionais. No Brasil, a empresa atende, atualmente, 140 clientes, sendo mais de 45 atendidos no centro de entregas instalado em Londrina.